Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

quinta-feira, novembro 30, 2023

 


Provoca o mar
Ao se lançar
Na inquietude
Do resistir.
Procura amar
Na plenitude
Da inconsistência
Do conquistar.
Povoa o caos
Enquanto a calma
Vem visitar
Alguns instantes.
Percebe então
Que a solidão
Pode ser abrigo
Ao se ninar.
Pensa no agora
E se joga
Nos abraços
Do outrora.

quarta-feira, outubro 04, 2023

Deixe-se, mar
Aprofundar aqui
Amar lá
E agora.
Deixe-se, flor
Permita a pétala
Propor
O querer.
Deixe-se, sol.
O sal do gosto
Do oposto
Caos.
Deixe-se, enfim.
Em mim
Seu corpo
Cheiro de jasmim.
um gole de derrota nesse asco.
um casco entre as unhas, colabora.
o copo quebrado acumula pó
e o nó na garganta é charme.
a calma quer explodir em caos
para um fundo em furo
se enfurecer na poética dissonante
de um crescente anoitecer.
mencionado antes, agora exposto
"o mundo está duas doses abaixo"
por mais que às vezes, acima,
recria o oposto da colocação.
então, não tenha medo
hora ou cedo o coração padece
e merece um aproveitar
que tenha como fim o sorrir.
(mas não acontece).

sábado, setembro 23, 2023

Nosso Sangrento Amor

 


Eu faço seu ouvido sangrar

Com as falácias profanadas

Enquanto eu tenho o fálico

Em vermelho no madrugar.

Eu posto coisas em sua mente.

Você diz que eu desvirtuo suas verdades.

E eu respondo que deve ser por isso

Que continua comigo.

Mas no fim a gente ri,

E aquilo que nos move

É o sentimento que alimenta

Mais um dia que promove.


lsH

quarta-feira, julho 26, 2023

Os dias frenéticos me interrompem os prazeres.
Os pequenos detalhes seguem despercebidos,
Nem a velha canção funciona e não emociona.
As horas estão lotadas neste pensamento aflito.
Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo.
Faço do coração apenas um pulso de sangue
E não vejo que de fato ele quer uma percepção.
Eu passo um risco no instante que quero.
Preciso de calma mesmo querendo o agito.
Fico aos nervos quando necessito de paz.
Recorro à memória e me sinto traindo.
Nos segundos falecidos eu vejo a derrota
E amplio com dicotomia, pois não é a verdade.
Trato o acaso como um passado empoeirado
E reflito neste pouco que nada está atrasado.
Tudo se trata de período contido
Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.

sexta-feira, maio 19, 2023

 Tudo Normal

Tal e qual, até demais. 
Teu sorriso amarelo
A minha blusa preta
O desgaste do pensar.
Tal e qual, o sentimento
As pessoas se doendo
A raiva escorrendo
E a vontade de amar.

Tal e qual, o quê?
Há tempos um buquê
Não recebi, sabe você
E o coração a coçar.

Tal e qual, tudo normal
Espero pelo dia
Que talvez chegará
Como um animal.

Tal e qual, simplesmente total
Aguardo um decreto
E espero contente
Aquele velho sentimental.

lsH
 Será que agora a sorte virá
Ou será que vira bosta
Será que ela me quer?
Será que um dia a tive?
Será que será que será
Será de ser algum dia
Nem que a lua caia
E provoque o caos.
Será que vou beija-la
Em um happy end?
Sei lá, sorte de que tem.
Só que depender só dela
Não faz o meu tipo
Apesar de que tê-la
É uma tremenda vantagem.
Mas sou virginiano,
Um ser bem cético
Sou tanto que nem
No meu signo eu acredito.
Isso me faz um contrassenso
Um rapaz latino-americano
Que acredita que vamos sorrir
E para isso, sim,
Precisamos de sorte
E, acima de tudo, acima de todos,
Mais que Deus:
Dê consciência. 

lsH

segunda-feira, maio 01, 2023

é que temos pra hoje, seja como for.
das canções do exílio, meu exímio distorcido.
do sofá a visão periférica
e ao seu lado um sorriso
e do outro, um largo ferido.
das pessoas daqui um beijo,
bem doce com o amor que precisamos,
mas nem sempre é assim:
criaturas são duras no interior.

A Besta

Você pode me dar
Um minuto do
Seu silêncio?
São tantas besteiras
Faladas por aí
Que eu apenas
Peço isso.
Não precisa falar
Sobre tudo
Pode-se calar
Para o nada.
Você não é
O que pensa ser,
Você é besta
Que se acha fera.

quarta-feira, abril 26, 2023

Ele estava lá enquanto os fogos anunciavam
Sabe-se qual o motivo para o entusiasmo.
Seus olhos refletiam a solidão da sala
Enquanto brindes eram comemorados.
Apesar de presente, a mente se encontrava ausente
E em outro lugar seu pensamento voava.
Não tinha casa alguma que gostaria de dormir
A não ser aquela que bucólica imaginava.
Vieram abraços que eram estranhos, mas não temia
Haviam sorrisos que distraídos não o atraíam.
Bebeu seu último gole de sidra azeda
E abriu a porta para uma tentativa de fuga
Queria o passado naquele momento
Quando seus pais compravam pijamas
E seus irmãos comemoravam o ato simples.
Perdido ele atravessou a rua
E na encruzilhada avistou a lua
E como milagre algo rasgou o céu
E sua falsa esperança desapareceu. 

Pele

Eu quero a sua pele exposta em mim, agora.
Quero sentir o respiro de cada poro, como pequenas explosões de satisfação.
Quero te fazer gozar com a precisão mais cirúrgica que o Pitangui já proporcionou.
Quero retirar do seu hálito
o gosto novo inventado
na minha boca.
Quero proporcionar o amor
mais afoito nas horas mais improváveis.
Quero arrebentar
em decibéis
o seu tímpano,
com inúmeras frases que versarão sobre o sentimento maior: o amor.
Quero te chatear e te cansar com as minhas asneiras e baboseiras a respeito do gostar.
Quero te encher de guloseimas sentimentais
e te abusar nas madrugadas de chuva.
Quero embebedar o seu olhar com os gestos mais cafonas que o romance pode enobrecer.
Quero viajar em seu corpo e utilizar a minha língua em cada dobra que eu encontrar.
Quero me aperfeiçoar na melhor breguice que uma canção pode ocasionar.
Quero me fortalecer na fúria de seus lábios
enquanto o futuro aguarda
o mais belo sorriso que nenhum dentista ousará interferir.

Quero a sua biologia de noite e de dia.
Quero o seu cantar bem colado no meu ouvido.
Eu quero a sua tez cada vez mais ligada à minha satisfação de te ver sorrindo.

segunda-feira, março 27, 2023

Um risco, um traço, um tempo.
Aquela coisa, igual à canção.
Um verso chupado e um coração afoito.

Pense sem fim, pense sem começo, pense sem meio.
Um disco, um som, um ouvido.
Empreste-me.
Deixe-me falar.

Liturgia do pop, evangelho do rock, comunhão do jazz, catequese do blues.

Amor.

terça-feira, novembro 08, 2022

Um caso por acaso
Causou um desabar.
Fracasso em sentir
Um bom gostar.
Travado um soltar
De sentimentos
Repudiou o decepcionar.
Abriu os olhos
A falsa esperança de criar.Um caso por acaso
Causou um desabar.
Fracasso em sentir
Um bom gostar.
Travado um soltar
De sentimentos
Repudiou o decepcionar.
Abriu os olhos: a falsa esperança de criar.

segunda-feira, outubro 31, 2022

O amor é uma jactância. Deixa a verruga peluda de um rosto qualquer em imperfeição bela, o detalhe completo para o desenho da cara. Torna a saliência lateral do pé no joanete mais lindo que alguém já teve. O amor é de uma bobeira incrível. Transforma metaleiro em poeta, poeta em best-seller, best-seller em filme, filme em sucesso e sucesso em dinheiro. O amor é ópio, alimento insalubre.
Hoje lembrei, ao acordar, de escrever uma carta.
Coloquei a água para ferver e preparei o meu café.
Lembrei das noites mal dormidas, dos dias sofridos.
Dos cigarros derrubados no chão, do cinzeiro transbordando.
O sol perfurou a janela e o raio entrou sem pedir licença.
Não sou observador, confesso, muito menos sentimental,
Mas a cena me pareceu um sinal. Lembrei você.
Iniciei os agradecimentos, os olás, o tudo bem.
A fumaça do café se misturava com a do cigarro.
Contei um pouco da rotina que ainda acabará me matando,
Dos estranhos que acabo entregando intimidades,
Da moça da panificadora, do chuveiro estragado,
Ainda tenho que arrumá-lo. Tenho preguiça.
E do roteiro que ainda insisto em não terminar.
Percebi que faz um ano. Como foi estranho.
O seu perfume adocicado já não mais está presente,
Seus discos de new wave eu já doei,
O anel, penhorei.
Não quero apavorar a sua paciência
No entanto, ainda recebo as suas revistas femininas.
Se possível, cancele a assinatura.
Se não me quer passar o seu endereço, tudo bem,
Mas não desperdice mais dinheiro.
Nunca sei quando estou sendo melodramático, pior que novela.
Não se incomode, só queria dizer que ainda vivo.
Ainda tenho uma recordação sua: aquela foto.
Noite escura, boteco e cerveja. Lembra?
Foi a última. Agora fica saudade.
_Nada demais em pensamentos outrora. A viagem acabou, o dinheiro também, e o sexo não foi bom. O pessoal se mandou. A sala está bagunçada, o disco está riscado. A faixa que pula é aquela que você não gosta. O disco? Aquele que você detesta.
O sol está surgindo. As preces, continuam. O embargo da voz engole a derrota, o choro, o fracasso. Mas o dia vem e apesar do tsunami nessa casa, a esperança enche novamente esse copo de vodca. Nada melhor do que a coragem líquida para embalar a situação.
_Um cigarro está aceso, alguém saiu de fino. O fino eu acendo. A viagem retorna, o dinheiro transborda e o sexo volta a ser bom. O pessoal retorna. A sala está cheia, o disco toca normalmente. A faixa é aquela que você gosta. O disco? Aquele do Traveling Wilburys.

O sol se despede. As preces, esquecidas. A voz vira grito e a derrota é bebida, o choro, vomitado, e o fracasso, foda-se. O tsunami abençoa os seus quadris, a esperança fica linda nesse copo de vodca. Nada melhor do que prosseguir com a coragem líquida para enaltecer a situação.