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Tanto assim

"A saudade é um revés de um parto/ A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu". A maioria dos pensantes sabe que Chico Buarque fere com a palavra os corações mais sensíveis. As suas letras tem a capacidade de derrubar "mamutes" em qualquer período histórico, sem falar das melodias que rasgam com louvor os tímpanos dos atentos. Na frase citada, trecho da canção "Pedaço de Mim", esse carioca destroça, arranca lágrimas até de cachorro domesticado. E a saudade é muito mais que a música em questão, porém, serve de extensão para sofrer mais quando ouvida em momentos apropriados. Não que a saudade seja algo apropriado, longe disso. Mas, por fim, as lembranças, as saudades, as memórias são as únicas coisas que sobram. Lágrimas.
É ruim a despedida. Resta a saudade. O tempo passa e a canção fica, assim como as fotos e os diálogos de impacto. Os dias de inverno já não são mais os mesmos, nem o conhaque que agora envelhece na prateleira repleta de poeira e de discos dos anos 1970. Construção. Acabou Chorare. Expresso 2222. Blue.
Chega de saudade, viva algumas mentiras.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.