Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

domingo, fevereiro 07, 2021

Querido Chico,

Somente hoje ouvi com atenção "Almanaque", disco que você lançou no ano do meu nascimento. Não tinha conhecimento do trabalho que foi gravá-lo, da batalha que enfrentou entre duas gravadoras e da linda história da canção "Angélica". Incrível como continuo aprendendo ao ouvir suas músicas. Tenho até vergonha de dizer que, num primeiro momento, não entendi "A Voz do Dono e o Dono da Voz". Imagino que, nos dias atuais, com as grandes gravadoras decretando falência, deve sublinhar um belo orgulho em seus lábios, devido ao conteúdo e crítica da composição. Em tempos de downloads gratuitos, os mais jovens nunca saberão o que você passou.

Apenas gostaria de agradecer por mais esse ensino que o senhor me proporcionou nessa noite.

Com amor,
Léo

Tenho olhos que atingem

O aflito

Eles se convergem
No grito.
Nas paralelas
O planalto é um salto
Que no infinito
Não encontra abrigo.
Tenho olhos, que vertigem,
No rito
Ela se despede
No ritmo.
Das trocas de favores
Que os senadores
Pensam
Que compreendem.

Poema de Carnaval

 Daqui, te ouço

Véu esverdecido.
Meu corpo, entorpecido
Deseja repousar
Em seu manto.
Mas agora, apenas escuto
E transmito em comunhão
Uma paixão
Que me consome
Em doses moderadas
O meu coração.
Meus olhos, eu fecho
E imagino nua
A sua carícia
Mesmo não virgem
De uma pureza
Esplendorosa.
Carinhosa, como és
Tão límpida, sua tez
Não te quero no talvez.