Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.

domingo, setembro 20, 2015

Todo dia

Todos os dias penso em você. Mas hoje foi diferente. Talvez por ser uma data muito especial. São seus 22 anos completados. Acordei porque tive um sonho contigo. Não lembro agora ao certo. Eu te beijava. Eu sei que você não era fã dos meus beijos. Isso me faz lembrar do nosso primeiro. Para mim, fantástico. Para ti, estranho e confuso. Sai do seu apartamento flutuando, louco que o dia seguinte chegasse. Aquelas borboletas no estômago, que achei que nunca sentiria novamente, haviam voltado. 
Passou apenas um dia e te convidei para um acampamento em comemoração ao aniversário de uma amiga. Atualmente, ela também é sua amiga e sente saudades de ti. Esqueci de levar o colchão de ar. Rimos da situação. Foi uma noite fria, a qual eu vi uma estrela cadente. Você também disse ter visto. Eu fiz um desejo. Infelizmente, ele não se realizou. Caso tenha feito um, espero que tenha se concretizado. 
Naquela noite, dormimos nos olhando. E abraçados por causa do clima. Dos vários climas. Do clima do momento, do clima da temperatura e do clima que estávamos entrando. Desde aquele 08 de setembro de 2013, nunca tinha vivido um amor tão carnal, tão voraz, tão belo e tão sincero. 
Dias atrás, peguei o carro do meu pai e segui em direção à Mariópolis. Quando percebi, estava naquela mesma estrada que levava ao sítio onde celebramos o aniversário da nossa amiga. Quanta maconha fumamos naquela madrugada. Foi lindo. Ao passar ao lado do local, olhei para o céu. Era dia, então, eu não veria nenhuma estrela cadente. Imaginei uma e fiz outro pedido. Se o meu desejo vai se realizar, não sei. Apenas sei que um deslize foi a razão disso tudo que estou aguentando. E continuarei, porque mereço todas as dores que lhe causei. Eu te amo. Muito. Para Sempre. 

sexta-feira, setembro 11, 2015

A pequena sala das canções ridiculamente que falam ao coração

Sentado. Nunca tinha chorado tão sinceramente com uma canção. E foi ridículo. Logo numa música do Tiago Iorc? Digo isso porque nem sou fã do cara, apesar de suas boas composições. Mas “Um Dia Após o Outro” me derrubou. Eu parecia um bobo, abraçado ao violão, no sofá, com os olhos suados. Escutei-a mais de uma vez, até tirei as notas de ouvido. Ao tentar cantar, embarguei. Algumas frases eu executava como mantras, pegando aquelas verdades para interiorizar na mente, guardadas em uma caixa frágil, pronta para você abri-la. Infelizmente, não tinha ninguém ali, ninguém com a bondade de ver o que tinha dentro dela. E você não é ninguém. É aquilo que um dia eu queria guardado em um potinho, num pensamento totalmente egocêntrico. Enfim...

Como sabe, após um vídeo do Youtube terminar, inicia outro automaticamente. O destino (que sabemos que é um conjunto de programações cibernéticas) colocou o álbum da Clarice Falcão. Pode? Novamente, como uma criança que ralou o joelho ao cair de skate, abri um berro. Quem gosta da ex-namorada do Gregório Duvivier sabe que a primeira faixa do álbum dela se chama “Eu Esqueci Você”, cuja letra é tão tolamente sincera que dói em qualquer ser que possui aquilo que, vejam só, chamamos de coração. Pois é. Eu ainda não esqueci.

Falando dele, o coração anda tão fora de moda, né? Mesmo com vários cantores/compositores que se entregam a parir belíssimas dores de cotovelo, de mãos, de nariz, de pés, de membros que precisam do sangue bombardeado por quem? Pelo coração, oras! E é um tal de Léo Fressato que espirra nos tímpanos petardos delicados de som e fúria, como em “Veranizar”, quando canta: “não vou me importar se você não lembrar do meu aniversário outra vez, nem vou mais chorar se você não ligar por mais de um mês”. Ou então uma Ana Larousse, tão linda com suas sardinhas no rosto, que nos indaga com questões românticas e existenciais. “Se você só soube aconchegar a raiva, o que é que agora eu posso te dizer?”. Maldita compositora radicada em Curitiba, cidade de um cinza que traz vários tons gris que se transformam em azuis quando olhados de cabeça para baixo. O que isso significa? Nada, além da esperança de dias melhores.

Ainda percorrendo pelas aventuras automáticas do Youtube, o choque no tímpano prosseguiu com outra surpresa que explodiu a artéria. Mallu Magalhães, futura mamãe, toda graciosa em sua falta de habilidade em falar, mas certeira em compor, me abençoa com conselhos. É isso mesmo? A cantora com seus 23 aninhos me aconselhando dentro desses 34 outonos por eu completados? Sim. Ah, e como isso me rasga. Vai Mallu, me encante: “Olha só, moreno do cabelo enroladinho, vê se olha com carinho pro nosso amor. Que eu sei que é complicado amar tão devagarinho e eu também tenho tanto medo. Eu sei que o tempo anda difícil e a vida tropeçando, mas se a gente vai juntinho, vai bem. Eu não sei se você sabe, mas eu ando aqui tentando e a gente tem o eterno amor de além”.


Dentro dessa categoria rara de novos românticos (não citarei nenhuma música do sertanejo atual porque acho que falta nele uma dor verdadeira), o cantor Silva e seus teclados etéreos, visita o pé do meu ouvido, me dando um chute nas bolas: “Deixa ser como é, tu fizeste outro mar. O oceano dessas coisas que desejo”. E assim eu fechei o notebook e fui ler um livro, “Por onde andam as pessoas interessantes”, do Daniel Bovolento. Fim. Ou recomeço? 

segunda-feira, setembro 07, 2015

Dói. Ainda.

Hoje sonhei contigo. Foi tão bom. Eu chorava de felicidade por te beijar. Sua língua dançava com a minha e eu acordei aflito, aos prantos. A saudade, ao abrir os olhos, explodiu em meu peito, como uma estaca matando um vampiro. Eu te suguei, você me sugou. Nós nos sugamos. E foi deliciosamente bom. Queria repetir cada chupada.
No início, nos deixávamos marcas maravilhosas. Eu as considerava como prêmios, só por você estar ao meu lado. Depois não deixou mais. Fiquei triste. Assim que começamos a namorar, eu fui viajar com um amigo em comum. Gay. Não sei dizer se você ficou preocupado, se ficou pensando em coisas absurdas. Carinhosamente, deixou um hematoma em meu pescoço, um carimbo que interpretei como: aqui não, esse tem dono. E eu, loucamente apaixonado, durante o show do The xx, no momento em que banda tocava “Shelter”, curiosamente, uma palavra que tenho tatuada no braço direito, eu fechei meus olhos e pensei: LMB, te amo pra cacete!

Ao acordar de um sonho muito preciso, incrivelmente senti o seu cheiro e, mesmo com as fronhas lavadas, encontrei um fio do seu cabelo enroladinho. Puta merda, como ainda dói.

terça-feira, setembro 01, 2015

O capeta cerebral

É uma noite qualquer de quinta-feira. Você sai para beber com seus amigos. Eles sabem do seu problema. Alguns entendem, outros não. A mente humana ainda é repleta de interrogações. Entre o primeiro e o segundo copo de cerveja, repentinamente, suas mãos começam a suar, seus pensamentos ficam confusos, tenta se concentrar em algo, mas apenas enxerga um demônio dizendo no seu ouvido: - chegou sua hora, você vai morrer! O coração dispara e, no peito, você sente uma pressão tremenda, como se o seu pulmão quisesse sair pelas suas narinas. A respiração descontrolada dá a impressão de que não há ar suficiente em todo o planeta Terra. Disfarça, tem palpitações e bebe um gole de cerveja. A conversa na roda de amigos continua e você se levanta, inventa alguma desculpa e sai pelas ruas desesperadamente, procurando acalmar algo que não consegue. Depois de 40 minutos, já em casa, no sofá, ouvindo Iron and Wine, você pensa: - maldita crise de pânico, de ansiedade, depressão, o diabo!
Antes de procurar uma benzedeira, consultar o horóscopo, ler livros de autoajuda, vá a um médico especialista. Terapias contribuem consideravelmente, mas o primeiro passo é compreender esses sintomas. Explicar para as pessoas próximas, que estão ao seu lado, te amando e te admirando, ajuda pacas! É claro que existirão àqueles que falarão: - não se preocupe tanto, existem outros que estão muito pior do que você. Já me disseram isso uma vez e a minha vontade era de pegar uma caneta e furar os olhos do conselheiro. Respire, o seu cérebro funciona de maneira diferente.
Uma querida amiga, que sofre dessas crises, além de medicada e de fazer terapia com psiquiatra e psicólogo, gosta muito de conversar a respeito, com um único objetivo: chorar. E ela é muito bem resolvida quanto a isso, o que acho admirável. De uma maneira que não sei explicar, não tenho a mínima competência técnica para isso, as lágrimas dela contribuem como um escape da ansiedade acumulada. Tudo termina em um abraço e a vida continua.
São nessas não banalidades que se encontram as pequenas ferramentas, que se tornam enormes, no combate e na contribuição junto ao convívio social. Sim, viver em sociedade é uma batalha terrível, ainda mais quando se tratam de pessoas que são sentimentalmente sensíveis. Graças aos bons deuses que elas existem. Mas, voltando à minha amiga, outra coisa que ela faz, que é fantástico, além de arrumar a cama todo o dia e manter uma alimentação saudável (que inveja!), é fazer listinhas. Em sua bolsa, tem um caderninho todo trabalhado com imagens da Frida Kahlo, onde se encontram detalhes da sua vida. Pode parecer algo meio ridículo, mas ela anota tudo, ou quase tudo, que fez durante o dia. Quando toma banho, anota, sempre com alguma frase complementar. Exemplo: “7h35, entrei no chuveiro, minha colega de apartamento, novamente, não tirou os fios de cabelo do ralo do box. Que merda”. Mais um exemplo? “10h34, meu chefe me chama. Disse que preciso ser mais sociável. Sociável são as minhas fezes!”. Ainda bem que, ao menos, esse sarcasmo a mantém ativa.
Se você não sente isso e não consegue entender os sintomas, primeiro, parabéns, e segundo, se conhece alguém que sofre dessa patologia, ofereça seu abraço, mesmo se estiver numa mesa de bar conversando com a guria mais linda de Pato Branco. E nada de dar conselhos do gênero: pare de sentir pena de si mesmo e faça um esforço maior. Às vezes é melhor ficar quietinho, olhar no fundo dos olhos, estender os braços e fechar seu amigo depressivo em um abraço. São esses pequenos gestos de união (alô meu Brasil, é disso que precisamos) que fazem o capeta cerebral se distanciar.


Leonardo Handa – Jornalista, redator e sofredor mental