Um dia aflito, repleto de despedidas, encontros e partidas. Meio cinza, meio bobo. O céu de um lamentar sinistro com pitadas de esperança naquelas nuvens de leve laranja que logo desaparecem no girar do mundo. Uma poesia lembrada e iluminada por lâmpadas fluorescentes de um local de autotráfego repleto de fumaça duvidosa. As horas morrendo em um relógio qualquer que está coberto de poeiras vindas de várias regiões. O sol se despede em um bailar desperado como se um casal estivesse realizando o último tango. Gotas iniciam uma chuva que não vinga de preguiça em molhar novamente o que já está úmido. E os pássaros em um voo raso procuram abrigo para descansar a sorte.
Um dos carros estacionam no tapete de asfalto que muitos pneus recebeu em suas costas. A entrada se abre a fim de receber outras situações que vivenciaram aquela canção do Milton. De fato alguns são jovens e ainda não tiveram tempo de degustar a novidade do sabor, mas são sábios o suficiente para entenderem que vão sentir futuramente. O truque não é ensinado em cartilhas, e sim, aprendido na quilometragem.
A bagagem adentra no ônibus como se fosse mais um esperma a conseguir perfurar o óvulo. O tímpano absorve os vários sons emitidos pelo lugar, das crianças gritando ao locutor anunciando mais um horário de embarque. A bituca do cigarro é arremessada. A imaginação traz um outro solo de guitarra. A bituca alcança o solo. E o solo aumenta no ouvido. A imaginação se confunde quando ouve: - tchau.
Um abraço e uma viagem. Encontros e partidas. "Coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero". Enquanto não, então, é imaginar. Por isso agora eu durmo para, talvez, te visualizar em um sonho.