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Sonho


Um dia aflito, repleto de despedidas, encontros e partidas. Meio cinza, meio bobo. O céu de um lamentar sinistro com pitadas de esperança naquelas nuvens de leve laranja que logo desaparecem no girar do mundo. Uma poesia lembrada e iluminada por lâmpadas fluorescentes de um local de autotráfego repleto de fumaça duvidosa. As horas morrendo em um relógio qualquer que está coberto de poeiras vindas de várias regiões. O sol se despede em um bailar desperado como se um casal estivesse realizando o último tango. Gotas iniciam uma chuva que não vinga de preguiça em molhar novamente o que já está úmido. E os pássaros em um voo raso procuram abrigo para descansar a sorte.

Um dos carros estacionam no tapete de asfalto que muitos pneus recebeu em suas costas. A entrada se abre a fim de receber outras situações que vivenciaram aquela canção do Milton. De fato alguns são jovens e ainda não tiveram tempo de degustar a novidade do sabor, mas são sábios o suficiente para entenderem que vão sentir futuramente. O truque não é ensinado em cartilhas, e sim, aprendido na quilometragem.

A bagagem adentra no ônibus como se fosse mais um esperma a conseguir perfurar o óvulo. O tímpano absorve os vários sons emitidos pelo lugar, das crianças gritando ao locutor anunciando mais um horário de embarque. A bituca do cigarro é arremessada. A imaginação traz um outro solo de guitarra. A bituca alcança o solo. E o solo aumenta no ouvido. A imaginação se confunde quando ouve: - tchau.

Um abraço e uma viagem. Encontros e partidas. "Coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero". Enquanto não, então, é imaginar. Por isso agora eu durmo para, talvez, te visualizar em um sonho.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...