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Meio desligado


Ando muito mais do que meio desligado. Não estou caminhando, nem cantando; nem seguindo a porra daquela canção. Ignorei a falsa baiana, o barato total e o drão, mas me exaltei nos mares de Caymmi. Hoje fiz uma canção e não assinei. Péssima. Levantei da rede e vi pela TV um moço que perdeu o lenço e o documento. Fiquei preocupado, afinal, aonde os jovens andam? Perderam a cabeça?

Fiquei um pouco de bobeira e uma abelha entrou na cozinha. Tentei matá-la, mas a desgraçada foi mais rápida: me picou. Acabou chorare. Deixei a água escorrer em minha mão e fiquei ouvindo um barulhinho bom. E o rádio ligado tocava aquela canção. Lembrei de você. Tem coisas que só o Roberto proporciona.

A tarde vazia anunciava pelo canal mais um dia de calor intenso, perfeito para a vadiagem. Sinal fechado para o sol, imaginava eu. Mas ele é muito mais esperto e não economizou na intensidade de seus raios. Tirei a calça para por uma bermuda e achei no bolso 10 reais. Dinheiro na mão é vendaval. Virou carteiras de cigarro.

Insisti em outra música, tentei um samba pra burro no cavaquinho e terminei como se estivesse em um carnaval na obra. Da lata nada tirei, busquei na minha intimidade e não consegui sortimento. Pensei em uma transa, invoquei Caetano e parei na contramão. Não consegui nada de produtivo e voltei para o mar. Curti o fim do sol e retornei ao lar, meio desligado.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...