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Mostrando postagens de março, 2010

ANEsteSIA

Revirando esse jardim de cactus, arranco coices dos espinhos da sua mão. Pouso lento no áspero repousar de seus lençóis e recebo um açoite na jugular. Minha visão escure. Ouço um último acorde. Não identifico se era Peter Gabriel ou Genival Lacerda. De fato, estava muito confuso. Sigo revirando, mexendo, bisbilhotando. Percebo cartas não seladas, antigas memórias de carbono 14. Cuspo sensações estranhas, resquícios da noite retrasada. Tudo misturado. Tudo ao mesmo tempo agora. Titãs? Sim. Amor, quero te ver cagar. Volto, retorno, choro. Um deles perfura meu tímpano que distraído deixa escorrer revelações. Maluquices. Doidices. Sandices. Serenata de prazer aos seus, que analisam as bases eletrônicas da contradição. Não cite O Jardim das Horas, pois estou com a Lurdez da Luz. Viro a página, como a palavra, devoro o fruto. Tenho agora em minhas unhas a sujeira da sua voz na cadência do seu samba embolado em um cigarro. Continuo a revirar. Raízes arrancadas surgem dos cadernos de pintar. A...
Meu cérebro pifou. E eu acho que é pra sempre.
Dia preguiçoso. As gotas da chuva vão se matando no vidro da janela enquanto um velho companheiro me amortece via MP3. Manhã e tarde na vertical, observando um teto que nada lembra a capela Sistina. Momentos de pura contemplação me bastam e um tiro sai da estante em forma de palavras. Eu o já tinha lido, mas sempre é bom relembrar. O velho safado ainda traz ótimos momentos. Minha identificação quase profana com os seus versos às vezes me confundem e me convidam à liberar a marginalidade presa no interior, seguir a vida sem ligar para as contas, visitar algumas pessoas e simplesmente mandarem se foder; disparar algumas balas em cabeças que se acham pensantes e desmascarar profissionais comunicacionais idiotas. Mas, infelizmente a violência fascinante não povoa a minha massa. Como escape, cuspo certas frases junto ao violão. A forma de liberação de ódio nem sempre me relaxa ou funciona. Tento gritar - não consigo -, procuro esquecer - o que piora. Não sei muito o que fazer. Em determinad...

já foram tantas

Esses dias já passaram Tão corridos Por perto desses segundos Tão doloridos Que se mataram por serem Tão sofridos. Já foram tantos Que não lembro Mais dos outros. E você passa arrastada Por esse corredor Enquanto eu vejo da sala A sua encenação de dor. Já foram tantas Que não lembro Mais das outras. Essas noites já passaram Tão doloridas Por mortes metafóricas Tão corridas Que me perco nessas horas Tão sofrifas. Leonardo Handa

Catarro de amor

Gozo de alma Abraço de sangue Forte de paz Beijo de porra. Amor de merda Truques de fel Toque de pus Ferida de luz. Vida de urina Cama de sêmen Trago de fossa Olhar de esgoto. Bosta de fogo Hora de choro Fóssil de mijo Catarro de amor.

ele_e_ela

Estou cansado Do mesmo trapo Do mesmo tapa Que me desloca. Não quero Ser mais a louca Que esfaqueia O seu coração. Então ficamos Do ponto que terminamos. Estou aflito Nesse conflito. Eu também quero paz Não vou mais deixar A minha unha Em sua cerne. Cada qual agora, Minha amada, Seguirá o seu caminhar. Espero conseguir, Pois sempre imaginei Contigo prosseguir. Léo Handa