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Tanto tempo que não escrevo algo sentimental. Ultimamente estou mergulhado apenas em boletins jornalísticos e roteiros de programas que não sobra tempo para o descarrego literário. Penso que estou perdendo a prática, sobrevivendo em piloto-automático em uma rotina que me agrada, mas não permite devaneios. E quando há o ócio, a cama me chama para usufruir a delícia de permanecer na horizontal, com os olhos fechados, permitindo pelos tímpanos abertos a entrada de buarques e gainsbourg's. O relaxar é quase imediato e quando percebo o celular desperta mais uma vez o dia começando às 7h.
No fim das contas, o que está faltando é poesia nisso tudo. Existe a carência de romantismo ditado ao pé no ouvido para as soluções praticáveis da vida. E quem pode proporcionar isso? Eu, lógico. Mas nada faço! Estou reclamando o que então? A minha inércia perante a vontade de prosseguir viajando através de Bucowski ou cuspindo em um Ginsberg? Cade aquele cara que esbaldava bebericos de vodca lazarenta com a companhia de Thompson? Nunca existiu? Quem sabe seja verdade. E a apreciação de Caio Fernando Abreu? Eu ainda me emociono ao ler o cara, mesmo perdendo a habilidade do sentimentalismo e deixando cada vez mais o processo sistemático invadir tudo aquilo que a adolescência julgava o contrário.
"Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone. A fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora. Faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia. Chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia. Não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dela, em algum cheiro estranho o cheiro dela".
Esse sofrimento típico de Abreu até que faz falta. Acho que está na hora de morfar novamente. Mas não me procure, pois continuo querendo que se foda!

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...