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Amster dá

_Observo diretamente nos olhos. Algumas encaram tristes os seus destinos. Outras devem imaginar o que o dinheiro pode comprar. Elas podem ser mães. Podem ter namorados. Mas na moldura onde estão expostas, ninguém procura pensar sobre isso.
Suas peles são claras. Seus rebolados são cansados. A pouca veste vermelha de uma está desbotada. A maquiagem, borrada. E mesmo assim, se entrega. Que música estaria ouvindo mentalmente? Teria vontade de sair daquela moldura? O rapaz ao lado está de pica dura. O velho com semelhança de Sean Connery está desfalecendo. Meu amigo não tira a retina de uma morena. Eu apenas penso. Até me emociono. Não sei se foi o vinho barato ou a cannabis do coffee. De certa maneira o ambiente é poético. Imagino-me recitando Baudelaire no ouvido de uma. Na outra, um Verlaine. "No velho parque deserto e gelado / Duas formas passaram há bocado / Com os olhos mortos e os lábios moles / Mal se ouvem, a custo, as suas vozes. / No velho parque deserto e gelado / Dois espectros evocaram o passado: - Recordas-te do nosso êxtase antigo? - Por que razão acha que ainda consigo? Ela entenderia o que eu estaria dizendo? Imagino que sim. Muitas coisas das putas, o vale é a sabedoria.



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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.