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Dois

Hey, você, ali na esquina, exibindo um rosto trágico de memórias mal vividas, o que faz para alterar a situação do presente? Está esperando um convite? Aguardando um assédio de romance ou decorando a rua úmida que sobreviveu a mais uma chuva de verão? Tenho a impressão que você quer sair desse lugar, mas está faltando um ânimo pessoal para lhe arrancar o sentimento.
Hey, você ali na esquina, qual o tipo mais apropriado para a sua propriedade? Posso lhe oferecer um café, um ambiente confortável e uma conversa sobre o nada? O que é preciso para ter a sua atenção? Meu nariz de palhaço não é o suficiente? Meu atalho não combina com o seu? Qual a imperfeição necessária para te levar a outro submundo?

Hey, você, que fica ali na esquina me observando, seu olhar arrebenta com o meu fazendo a minha retina estourar de vontade de te querer. Imagino que até saiba meu preço, mas para você eu ofereço de graça. O que você aguarda? Meu braço amarrado junto ao seu pescoço? Minhas mãos procurando os seus dedos? Meus cabelos enroscando em seu rosto? Minha tez encostada na sua? Qual o sinal que precisarei mandar para afirmar que estou a fim?
Hey, você, que fica ali na esquina me observando, se quiser entrar eu não saio nunca mais. Não tenho condição alguma para propor, mas saiba que terá todas que precisar. Eu não tenho o corpo suficiente? Não tenho o coração mais tranquilo? Não tenho a mente mais brilhante? Só não tenho um problema: continuar gostando de você, mesmo sem saber o seu nome.

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.