Qualquer coisa que seja. Um beijo fora do tempo, um luto programado antes das 18h. Não importa. Contigo ao lado o merecimento é contínuo. Eu abro o sorriso, o olhar não fica pesado. Às vezes tenho a sensação da imortalidade. Basta você ao meu lado. Melhor, pelado, com a nuca solicitando, praticamente com um memorando, um beijo, uma carícia, um afago. É bom perceber que o meu carinho não é ruim, que é confortante, que é acalanto. É grandioso saber que dos outros eu tinha noções erradas, porque para eles tudo parecia descontentamento. Que meu toque era tragédia, que meu sexo era funeral, que minhas manias eram desagradáveis, que minha poesia era hostil, que minhas declarações eram músicas sertanejas. Mas, contigo, nada disso é horripilante. Meu toque parece veludo, meu sexo, ápice; minhas manias, perfeições engraçadas e minha poesia, clássicos. Muito melhor perceber que minhas declarações são Leonard Cohen. Qualquer coisa que seja, que seja, apenas, o seja. Agora.
Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.