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Eu gosto do cheiro desse quarto. É perfume com papel higiênico, é esperma com alfazema, é delícia com veneno. Eu sinto demais, apenas, pelas janelas hoje abertas, que esvaziam o odor desse amor direto para a rua, onde um bando de amadores de música sertaneja esbravejam letras ridículas, de credos que os mesmos abaixam a cabeça durante orações na missa de domingo. É triste perceber que, nesse único caso, a marginalidade é outra, menos poética e pobre, ao contrário da canção do Jards Macalé que ouço agora, enquanto busco por um sono perdido em uma xícara de Nescafé. 

Não sei analisar calmamente esse momento. Não gosto de ser preconceituoso. Meu gênero, aliás, nem me permite essa colocação. Mas eu fico irritado com essa sonoridade oca que interrompe tantos ouvidos preguiçosos que, no fim, talvez nem queiram isso, e sim, goles de cerveja quente, muvuca e pegação. A aba do chapéu é sem atitude admirável. Por isso, ainda prefiro as frases de escárnio, do que o escárnio dito por duplas, que invertem a situação se dizendo à margem de uma cultura fraca, como se fossem pequenos coitados da noite, quando, na realidade, são fortes o suficiente. Dessa maneira, "quando você me encontrar, não fale comigo, não olhe para mim, eu posso chorar". 

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.