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O transe coletivo manifestou uma onda de sentimentos em cada olhar que recebia o alimento em forma de luzes e sons. A catarse se espelhava na boca que emitia berros repletos de simbologias. A vida ganhava novos sentidos através dos acordes introdutórios. A canção era a oração pop mais perfeita.
A emoção era percebida de várias maneiras, nas lágrimas, nas palmas, nos gritos e, sobretudo, nos rostos. O sorriso mais perfeito com certeza teria sido encontrado lá, entre centenas de indivíduos que estavam em uma rota de colisão com a sinestesia do belo. David Bowie dava razão enquanto a vazão se espalhava entre os corpos presentes. Os lábios se abriam. A emissão da garganta em trêmulo, por vezes, ecoava o anel, a pista, as laterais e o céu. Tudo parecia perfeito, mas a impressão era mais do que essa. Era uma definição que não cabe apenas à simples frase. Ela ainda não foi encontrada, mesmo com todo o exagero aqui permitido. A definição não existe em palavras.

Achtung Baby, yeah! O messianismo era visto. Não importou em nada. Todos eram discípulos daquelas mãos irlandesas que solicitavam agito, que pediam para perder o controle, que emocionavam quando apontadas à estrela imaginária a qual aquelas pessoas foram transportadas. Importadas versões desavisavam os comportados que encarnavam deslizes nos quadris, que recebiam a música como se fosse um alvejar de celebração. Aquilo causava euforia e desprendimento. Eles estavam felizes.     

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um gole de derrota nesse asco. um casco entre as unhas, colabora. o copo quebrado acumula pó e o nó na garganta é charme. a calma quer explodir em caos para um fundo em furo se enfurecer na poética dissonante de um crescente anoitecer. mencionado antes, agora exposto "o mundo está duas doses abaixo" por mais que às vezes, acima, recria o oposto da colocação. então, não tenha medo hora ou cedo o coração padece e merece um aproveitar que tenha como fim o sorrir. (mas não acontece).

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.