E daquele som metálico saiu a canção, um tanto estranha em seu ritmo, mas admirada pelos senhores que, categóricos, diziam se tratar de um novo clássico. Ouviu-se as batidas cadenciadas em estações de rádios que vendiam o passado como luxo, mas agora tocam o luxo como no passado. E os tímpanos dos maestros achavam tudo aquilo confuso: um cão sem dono solto pelas ruas, caminhando sem direção, apenas sabendo que precisava continuar. Para onde? Sei lá.
E o riso não era contido quando a sequência sem acordes, sem melodia, apenas ritmada, atingia a manada dos foliões que agora utilizavam frases, oferecendo à composição uma nova tradução. Parecia o carnaval, mas ali tinha um outro tipo de lamento. Talvez pelas consequências do presente, esse tempo tão subestimado, mas vívido e, por vezes, coerente até demais. Ou, de repente, como se fosse um parente do distante futuro que chega sem dar aviso e, lá de longe, se torna perto e revela-se um estorvo.
Ninguém tinha uma explicação da força daquela canção. Foi então que todos acordaram em pleno século 21 e perceberam que tudo aquilo outrora fortalecido em 1968 se tornou um peidinho bem cheiroso se comparado com o novo sentido dessa nova canção.