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Você se lembra o dia em que nos encontramos pela primeira vez? Provavelmente eu estava bêbado. Com certeza estava. Mas eu recordo a minha primeira frase. Na realidade, foi uma pergunta: tem fogo? A noite estava fria e em frente àquela boate indie, dividimos o cigarro. Cigarro mentolado, que eu odeio. Era o que tinha. Só o aturei por causa da conversa, que estava agradável e porque você usava uma camiseta do Bikini Kill.
Claro que eu recordo. Sim, você estava bebaço. Enrolava cada sílaba, que eu completava com "arrams", "tá certo" e "concordo contigo". Eu também odiava cigarros mentolados. Não foi aquela noite que você vomitou na fila para sair? Depois de ter beijado um menino que a Roberta queria? Foi sim, tenho certeza, pois eu estava sóbrio.
Verdade, tenho um fragmento de lembrança, mas acho que foi.
Cara, que DJ ruim tocou aquele dia. Cheguei cedo com a minha galera e estava tocando The Killers. Porra, era uma boate indie. Eu esperava algo meio Ecosmith, Portugal, The Man ou The New Pornographers. Só tocou coisa manjada.
Disso não lembro, não mesmo. Mas recordo que depois do cigarro você abandonou tua turma e foi comigo comer um cachorro-quente, que eu devo ter vomitado quando pisei em casa.
Aí você pediu meu celular e salvou no seu, que ficou todo melecado de maionese. Nem tinha 3G naquela época. Como é que vivíamos? E eu fodia mais naquele tempo, sem Tinder, sem nada. Crush não passava de um nome de chocolate.
Eu não fodo nem nos dias atuais, quem diria naquele tempo.
Pare! Não minta. É cheio dos contatinhos, que eu sei.
Enfim, desde então nos tornarmos amigos.
E agora estamos aqui, conversando pelo Messenger. Desgraça de vida que, por vezes, afasta mais do que aproxima.
É... Sinto sua falta.
Eu também. Saudades de dividir contigo um cachorro-quente.
Te amo, Feliz Dia do Amigo.
lsH, 20 de julho, de um ano qualquer.

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.