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Os nossos pés

Numa simples frase, que me acompanha como carma, pensei: um dia haverá de passar. Vai desfilar pela passarela da memória, iluminada por um holofote, até ele se apagar. Ou entrará como um trem em um túnel e lá irá ficar. Quem sabe será como aquele disco que riscou e que nunca mais tocará. Ou como aquele velho a navegar, que no mar entrou e com seu barco naufragou.
Porém, já foram tantas as tentativas do querer, daquele de se borrar a mente, simplesmente para parecer uma obra de arte abstrata. Mas sempre quando passo o pincel, acabo desenhando um realismo. E ele é fantástico.
Não se trata de algo bom, eu sei.
Hoje lembrei de quando assistíamos a um filme na sala e deitávamos espremidos no sofá. Antes da película começar, eu ficava olhando para os nossos pés, fazendo comparativos e analisando como eles eram tão diferentes. Na simples frase não mencionada no primeiro parágrafo deste lamentar, relembrei daqueles momentos, quando eu sempre refletia antes de me deitar junto a você: não sei a respeito do futuro, mas, every thing will be fine. Não ficou.
Com o mesmo título, na locadora que fui visitar depois de muito tempo, um trabalho do Wim Wenders me despertou a atenção. Não titubeei, Aluguei. Fiquei decepcionado ao chegar ao final do filme, primeiro, porque seus pés não estavam aqui; segundo, o diretor errou a mão; terceiro, nem sei mais.
Agora, depois de tantas aventuras sentimentais, começo a esquecer da frase que outrora era um carma. Contudo, antes de esquecê-la, quero entoá-la como um mantra.

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 
O barulho, o som, o tudo. As vozes, a esquizofrenia. Quem aguentaria? É preciso jogo, é necessário o respirar. Chega a ser jocoso, parece lacrimoso. O volume, os gritos, a conversa. O cansaço no mormaço. O não relaxar do momento. Os nervos, a fúria, o ventre. O vento que não entra E o apuro do socorro. A bagunça e a falta de concentração. A raiva que aparece. O berro que permanece. Aqui, mudo, em silêncio. Como haveria de ser. Mas não é. lsH
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.