Pular para o conteúdo principal

Os nossos pés

Numa simples frase, que me acompanha como carma, pensei: um dia haverá de passar. Vai desfilar pela passarela da memória, iluminada por um holofote, até ele se apagar. Ou entrará como um trem em um túnel e lá irá ficar. Quem sabe será como aquele disco que riscou e que nunca mais tocará. Ou como aquele velho a navegar, que no mar entrou e com seu barco naufragou.
Porém, já foram tantas as tentativas do querer, daquele de se borrar a mente, simplesmente para parecer uma obra de arte abstrata. Mas sempre quando passo o pincel, acabo desenhando um realismo. E ele é fantástico.
Não se trata de algo bom, eu sei.
Hoje lembrei de quando assistíamos a um filme na sala e deitávamos espremidos no sofá. Antes da película começar, eu ficava olhando para os nossos pés, fazendo comparativos e analisando como eles eram tão diferentes. Na simples frase não mencionada no primeiro parágrafo deste lamentar, relembrei daqueles momentos, quando eu sempre refletia antes de me deitar junto a você: não sei a respeito do futuro, mas, every thing will be fine. Não ficou.
Com o mesmo título, na locadora que fui visitar depois de muito tempo, um trabalho do Wim Wenders me despertou a atenção. Não titubeei, Aluguei. Fiquei decepcionado ao chegar ao final do filme, primeiro, porque seus pés não estavam aqui; segundo, o diretor errou a mão; terceiro, nem sei mais.
Agora, depois de tantas aventuras sentimentais, começo a esquecer da frase que outrora era um carma. Contudo, antes de esquecê-la, quero entoá-la como um mantra.

Postagens mais visitadas deste blog

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...