Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.
terça-feira, junho 26, 2018
Eu não queria mais voltar. Por alguma razão, cá estou. Confesso que não me sinto muito confortável. Até atrapalha meu pensar. Não consigo deixar claro. Muito menos, escuro. Não queria estar de novo recolhendo cada fragmento que me compõe. Não queria estar novamente escrevendo o "não". Não me via começando outra vez as frases com essa palavra tão miúda de três letrinhas. Não passou. Sei lá se vai passar. Mas, se retornei, foi por alguma questão. E ela é você. Talvez eu esteja apenas encantado, como me disseram, apesar de que me sinto muito apaixonado. Nem preciso comentar isso contigo. Está longe. Longe fisicamente. Longe emocionalmente. Em outra direção que, lógico, não é a minha. Tenho em mente que para ti foi um caso, outra conquista para ficar registrada na pele, como pessoas que colecionam amores. No entanto, para mim, uma sensação de algo não terminado. Enfim, nem tudo na vida precisa ter um final. Só não queria ter retornado para o início. Do sofrer, calado, no caso.
Para cumprimentar, não precisa fazer a chuca, não precisa lavar a bunda, não precisa ser santo. Para cumprimentar, não precisa ser amado, não precisa ser corno, não precisa ser arrogante. Para cumprimentar, não precisa vestir roupa de marca, não precisa estar sem, não precisa estar com. Para cumprimentar, não precisa ser rico, não precisa ser pobre, não precisa ser de classe alguma. Para cumprimentar, não precisa estar manso, não precisa estar bravo, não precisa estar contente. Para cumprimentar, não precisa se machucar, não precisa se alegrar, não precisa se entregar. Para cumprimentar não precisa ter medo, não precisa ignorar, não precisa estar bêbado. Para cumprimentar, não precisa estar de chinelo, não precisa estar de All Star, não precisa estar de Prada. Para cumprimentar, não precisa ser elegante, não precisa se mostrar o prepotente, não precisa ser o melhor. Para cumprimentar, não precisa estar em dia com o imposto de renda, não precisa ter viajado para a Europa, não precisa falar a mesma língua. Basta olhar.
segunda-feira, junho 25, 2018
Melancolia minha, daquilo que vivi ontem, ou daquilo que vivo agora.
Melancolia nossa, tão ausente quanto tu.
Melancolia outrora, futuro breve, obtuso instante.
Melancolia a noite e ao dia.
Melancolia boa deste momento
Melancolia ótima para refletir
Melancolia incrível para amar
Melancolia linda ao vento.
Madrugada. Sei lá que horas. Estou sem relógio, sem celular e sem carteira. Meus documentos, não tenho ideia. Eu só lembro de nós dois. E, mesmo assim, nada sei. Após a briga, acho que fui afogar a dor de cotovelo.
No posto de combustíveis, nessa beira de estrada, toca R.E.M. Uma rádio FM qualquer sintonizada. Um caminhoneiro retorce o rosto. Não entendo se é por causa da música ou da minha presença.
No bolso, uma carteira de Marlboro pela metade. Nas mãos, um isqueiro Zippo falsificado. No céu, tantos pontinhos piscando que imagino: se não tiver vida em outra constelação tudo isso é um tremendo desperdício de espaço. Será que os ETs louvam algum deus? Pensamento sem noção para o momento.
Michael Stipe não se cansa de dizer que "sometimes everything is wrong" e o caminhoneiro continua com a mesma cara, um misto de que acabou de peidar com contemplação de assassinato, seja lá o que isso signifique. Nem lembro o que estou fazendo aqui. Apenas sei que é madrugada.
Procuro alguma pista. Vou até o banheiro, ligo a torneira e molho meu rosto. No relance que tenho com o espelho, visualizo uma marca de batom no pescoço. Vermelho. O lábio está um pouco rachado, como se eu tivesse beijado por longos minutos e, após, pego uma friagem sulista daquelas que dá inveja aos catarinenses. Acendo um cigarro.
O caminhoneiro invade o recinto. Pergunta: - e então, era gostosa? - Quem? - Indago. - Aquela linda ruivinha que te largou aqui. - Maldita puta!
Aí eu lembrei. Tinha acabado de ser roubado.
Esse Meu Doce Matar
Quebrei a cara.
Que cara eu sigo?
Persigo o curto.
O caminho fácil.
Qual a graça?
Pergunta simples.
Sigo errado.
Pelo menos, acho.
Se acho,
Certeza
Não tenho.
Mas se tenho algo
Algo talvez
Eu sinta.
Analiso
E sintetizo
O que escapa.
Um mapa
De fragmentos
Descolados na memória
Soltos por aí
Em ilhas digitais
Sem reset
Sem delete
Sem gilete
Sem deleite.
Troco um destino
Por dois carinhos.
Mas tenho
Carência?
Só aderência
De permitir
Meu egoísmo.
Penso
Logo, resisto.
Desisto
Ao contrário
Pois sou
Bem otário
Quanto ao sentimento.
Queria o inverso
Mas serei frio?
Não entendo.
Compreendo que afasto
Todavia é meu erro?
Porém, contudo, senão?
Quem sabe você
Que me abrirá
Abrigará aqui
Uma resposta acolá.
Enquanto isso,
Vou ali
Sozinho fumar
Algo que
Pelo menos
Me faça sentir,
Nem que seja
Esse
Meu
Doce
Matar.
lsH
Meu rádio toca a mesma canção
Meu tímpano está viciado
E o meu corpo também.
Por ti.
Respiro aquilo que te cheirei
Do peito até sua nuca
Da tatuagem até a virilha.
Nada se compara a você
E tenho medo
Que tudo será comparado,
Nos próximos,
Nos outros,
Nos vácuos.
Eu queria ter uma ferida contigo
Que continuasse aberta
Até de amor nos curar.
lsH
Na aventura dos sentidos
O tempo resgata os perdidos
E aquele ali, que antes
Escrevia poesias marginais
Agora elabora discursos
Para os petistas.
E o calor de seus lábios
Hoje esfriam o amor
Que os direitistas, ora exacerbados
Portanto cancelam
Gritos exacerbados.
No trajeto da sua letra
Algo ecoa nesse ouvido
Porque no outro, eu duvido
Que a Marina vá profanar.
Mas na aventura dos sentidos
O tempo resgata
Até os esquecidos
E a dança cega da digitação
Far-se-á breve, por obrigação.
Eu vou fumar todos os cigarros. Vou desaparecer com a fumaça. Vou consumir todos os remédios. Vou sumir com a ansiedade. Vou procurar todos os métodos, vou seguir nos erros. Vou revirar os vodus. Vou beber a macumba. Vou ao submundo. Vou morrer para ressuscitar. Vou beber aquele veneno. Vou tragar todas as derrotas. Vou viver a mesma situação. Vou amar outra pessoa. Vou prosseguir como estorvo. Vou seguir como perdido. Vou chorar a mesma música. Vou escrever um novo roteiro. Vou estraçalhar o meu peito. Vou cuspir o azedo. Vou dar um beijo seco. Vou chupar o amargo. Vou contar os segundos. Vou atirar nos minutos. Vou atropelar um coração. Vou sofrer o caramba. Vou reviver o futuro. Vou viver o passado. Vou praticar o presente. Vou me perder na estrada. Vou pedir uma carona. Vou viajar pelo deserto. Vou ser amigo da solidão. Vou encontrar a derrota. Vou cortar a cabeça. Vou cheirar óleo diesel. Vou ressecar o olho. Vou furar a mão com um prego. Vou subir uma montanha de pó. Vou sorrir a tristeza. Vou desapegar o contato. Vou desejar um abraço. Vou querer muito mais. Vou pensar no roçar de pele. Vou querer algo mais. Vou lembrar de você. Vou novamente sofrer. Vou correr pelas escadas. Vou encontrar o topo. Vou pular no abismo. Vou cair com os olhos abertos. Vou dormir para te achar. Vou sonhar para viver.
domingo, junho 24, 2018
Eu quero aquele verso torto, todo fodido, rasgado e arregaçado. Aquele que vibra a vida com uma ardência nada categórica, muito alegórica, hiperbólica e cheia de cólera. Algo que fale mal, deliciosamente. Um jorro na cara de lambuzar os olhos lacrimejados. Quero uma canção arrancada do coração, sangrenta, como uma balada que estupra o peito. Venha-me, solte-me e cuspa-me aquela frase gritada, que nem uma puta num coito interrompido. Quero o tremular das pernas, o balançar das cadeiras, a quebra da lombar no berro em si bemol. Desejo a gostosura das falácias inconsequentes, da porra quente de uma estúpida masturbação. Também quero o ódio para alimentar meu corpo em fúria, só para que a vazão da marginalidade não me faça esquecer o quanto é bom se sentir assim: em pulso, em nervosismo, em pele, em carne e em cerebelo. Quero extirpar cada silaba com gostosura de framboesa, como uma criança retardada que grita de birra em um supermercado, constrangendo seus pais e seus irmãos. Eu quero uma poesia violentada, escancarada, toda aberta de tanto levar pau, besuntada de metáforas que escorrem através de uma cruz carregada por escritores vivos. Eu vejo a saliência dos miseráveis que desejam o mal, pelo simples fato de não terem o que falar, mas que necessitam de assunto. Mas eu quero devagar, sem essa pressa messiânica de WhatsApp, que fragmentada causa asco, asno, sono, oco e opaco. Quero a literatura espumante, decorada com verborragia, temperada com simplicidade, com gosto de livro mordido. Eu quero entrega. Não essa sua falta de vontade de brigar. Eu quero uma guerra de vogais, consoantes, sílabas. Eu quero o alfabeto inteiro, merda!
lsH
As malas estão prontas e deixadas perto da porta
Não tenha medo do que virá nas próximas horas.
Eu sei que temos contradições, mas deixe estar
Melhor aproveitar do que ficar com carícia torta.
Não tenha medo do que virá nas próximas horas.
Eu sei que temos contradições, mas deixe estar
Melhor aproveitar do que ficar com carícia torta.
Deixo minha concepção de sentimento em seu retrato
Não tenho medo do que virá e lhe digo que saberei suportar.
Procuro em outro tempo o consolo enquanto desejo seu abraço
Mas as malas estão aí e só você sabe para onde levá-las.
Não tenho medo do que virá e lhe digo que saberei suportar.
Procuro em outro tempo o consolo enquanto desejo seu abraço
Mas as malas estão aí e só você sabe para onde levá-las.
Só lhe peço para voltar os seus olhos a si
Não se preocupe com o que vai acontecer
Viva a intensidade se puder, sem se arrepender do viver
A saudade permanecerá caso o que tenha falado seja verdadeiro.
Não se preocupe com o que vai acontecer
Viva a intensidade se puder, sem se arrepender do viver
A saudade permanecerá caso o que tenha falado seja verdadeiro.
Meu dedilhado ao violão não está triste
Pois vale qualquer coisa, menos a mentira
E como sei que não houve admiro a preocupação
Só que despedidas sempre hão de surgir.
Pois vale qualquer coisa, menos a mentira
E como sei que não houve admiro a preocupação
Só que despedidas sempre hão de surgir.
lsH
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