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Relato

Manter a calma não tem sido algo fácil. Eu viajo numa mente que às vezes tenho certeza de que não é a minha. Tudo fica confuso e um sentimento de não pertencimento me estraga muitas horas do dia. Resta uma única constatação: sou doente. 
Quando se trata dessas coisas do psíquico, fica extremamente complicado das outras pessoas entenderem. Elas podem até te ajudar como acham melhor, mas nem sempre acertam. Outras vezes, pensando no seu melhor, causam erros. Ao invés de você relaxar, fica mais transtornado e procura disfarçar. O disfarce é a pior coisa. E eu estou próximo de cair. São tantos anos nessa situação, tantos remédios, tantas terapias, tantas meditações, tantas drogas, tantos cigarros, tudo um tanto, um tanto de tudo. Já fui de Jesus ao amor, do álcool ao ansiolítico. Nada foi certeiro. Não queria soar como um pessimista, nem era essa a intenção, porém, soou. 
Tenho respirado de todas as formas, sentindo o coração acelerar e desacelerar. O coração, aliás, por vezes sinto fraco, por vezes sinto forte, por vezes sinto vivo, por vezes sinto morto. Já entendeu do que estou falando? 
O meu sonho é aproveitar a vida como ela deve ser curtida. Eu tenho uma teoria exemplar em minha cabeça, mas a prática é um lixo. Desenho imagens belas, bonitezas situações onde eu sou feliz. Contudo, não estou sendo no plano físico, nem no mental. É tão ruim. O pior é se firmar um derrotado, traído pela própria cabeça, sem ao menos conseguir controlá-la no momento em que é preciso. E ela me desafora justamente nos períodos em que sou convidado para ser feliz. Afinal, a felicidade não existe, o que existem são os momentos felizes. Odair José, lhe amo por isso.
Nesse momento, repenso em tudo o que eu gostaria de dar um tempo. Porém, eu magoaria as pessoas. É nessa hora em que reflito: - não está na hora de ser um pouco egoísta? De certa maneira, eu já sou, todavia não é certo eu me entregar de vez e ver no que vai dar? Confesso que é justamente isso que quero agora: dar um tempo de tudo. Esse é o meu relato. 

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.