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6h28 e 23 segundos

 5h da manhã. Ainda estou aqui. Não sei mais o que fazer. Um pequeno desespero desce seco pelo olho. Seria emo se eu seguisse o movimento. Aliás, se trata de um?
- Não precisamos saber, só quero entender se chegaremos vivos até a próxima estação. Um estágio pulamos, dois obstáculos passamos...
- E agora você retrata a mesma conversa das 4h. Não é necessário explicações, outras ilusões já apareceram. Eu entendo o seu monólogo, a sua concepção. Basta sorrir, então.
6h15. Qual a conclusão? A fome está incomodando. Cadê aquele pedaço de bolo de aniversário? Eu lembro de tê-lo deixado atrás da manteiga. O refrigerante perdeu o gás? O leite azedou? De fato, sem a minha presença as coisas estragam.
6h20. Está louco? Agora fará metáforas daquilo que ingerimos? Muito te pus para dentro. Confesso, já tive indigestão. Não acredita? Eu repito e amplio, em certas, senti repulsão. Não preciso provar.
6h25. Que merda! Até então estávamos conseguindo manter um padrão descente. Você sempre optou pela baixeza para conseguir me irritar, me confundir, me agredir. Nunca conseguiu ter classe o suficiente para ridicularizar as coisas, as situações. Também, nunca leu Kerouac.
6h27. Você e as suas manias beats de sarcófago.
6h27. Ao menos não me escondo em Simone Beauvoir!
6h28. Estúpido!
6h28, 23 segundos. Fim.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.