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Cold War Kids

Eis que o dia baila mais uma dança sangrenta, tingindo o céu com o vermelho de golpes líricos de tinta clássica. Mais um final de fase anuncia a esperança de um amanhecer bêbado e fodido. Olha para o teto que Deus desenhou, deitado em uma grama verde banhada pelo orvalho. Passa os dedos nos lábios somente para sentir novamente o que aconteceu. Seus ouvidos estão entupidos por fones que descarregam outra canção do Cold War Kids. Ele viaja através da música e do degradê que as cores do infinito se permitem formar.
Algumas vozes chapadas são escutadas, mas estão muito longe. Há ruídos na comunicação unilateral. Não se deixa envolver e retorna à viagem mental. Deixa-se em caláfrios quando relembra as horas passadas, as mãos no quadril, o deslizar no rosto, o colo aberto e o beijo certeiro. Abre um sorriso intenso e percebe que as histórias do passado devem ficar lá, afinal, ainda bem que as memórias não são relançadas nas TVs.
Um vento suave atinge o queixo, passa pelo nariz e morre no boné. Não há ressentimentos, até mesmo porque, ele nem sabia ao certo dos sentimentos, só tinha a noção de que eram verdadeiros.
Agora ela pensa no período - mais um - que pede para ser assassinado. Uma mudança já aconteceu. Que venham as outras. De falta que não irá morrer, de ausência que não irá sofrer. De amor que não irá faltar.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...