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Velhos corações despedaçados

Velhos e vagabundos corações despedaçados. Os pedaços não foram colados, acabaram jogados em latas de memórias. Partiram para longe, se afogaram em lembranças. Eles morreram sem recordar a infância, os momentos felizes, o correr descalço na grama orvalhada, o sorrir graças a um desenho animado.
A tristeza veio na separação, mas logo apareceu a adolescência do reencontro. Outras tantas presenças nasceram: andar de bicicleta na chuva, bebida destilada na madrugada, cigarros roubados de bolsas maternas, dinheiro emprestado de carteiras paternas. Sem mencionar as descobertas sonoras, o roçar de um ouvido, o barulho de um gemido, o solo de um guitar hero, a voz de um band leader, o bocejar de um descanso, um Cat Stevens na vitrola.
Eis que chegou mais uma distância, cada qual para o seu lado durante a graduação, cada qual em sua própria sintonia. Os pensamentos voaram, as amizades mudaram, as atitudes afloraram, os costumes vazaram e as conseqüências adultas chegaram. Enquanto um vivia na boemia, outro esclarecia a anatomia. As mensagens não chegavam, os telefonemas eram desencontrados.
Chegou, portanto, a adultíssima geração problemática-social. Um prozac era engolido de vez em quando, mas era de cerveja que surgia o alívio. Em um belo caminhar, um outro reencontro afloreceu. Uma troca de beijos, um abraço apertado e um convite.
O tempo passou, os laços foram feitos e compravam algumas felicidades. Porém, também constataram: relacionamentos são complicados e amores têm efeito submarino: foram feitos para afundar. Agora os velhos corações estão despedaçados.

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.