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Mostrando postagens de outubro, 2008

Pânico

Tudo perdido entre os dedos tortos que nada mais seguram. O que era alívio hoje causa arrepios no córtex que aos poucos apodrece. Um constante movimento gera aflição nos olhos que reviram procurando solução. Artifício constrangido de face esprimida que outrora abria um sorriso devastador de alegria. Derruba uma água do binóculo natural o qual foi concebido sem a perfeição. Justifica os atos violentos em sangrentos copos de líquido transparente. Não quero outra volta, nem inocente, nem inconseqüente. Desejo o tranqüilo daquilo que um dia eu vi Mas perdi em pó a vida. Espero sem noção a porção Aquela que tira os pecados do mundo Somente para rasgá-la em vezes inacreditáveis E reescrevê-la da maneira adequada aos dias atuais, De pólvora, carvão, foice, facão, terra, engrenagem e capitais. O corpo sagrado consumido com razão desce ao fóssil quase cancerígeno Uma última benção de cálice e justiça à injustiça situação do pânico que estabelece Uma força sem vontade de continuar na trilha da c...

Não Vou Lá, Não Estou lá

Não vou lá Me cansei O seu cantar É de matar E a minha tristeza É igual. Não vou entender Nem reverter Eu quero um afastar Que cause dor. Não vou lá Já me cansei Hoje eu fico Ao lado do fim Um início de tudo Contudo, assim.
Explode em meu peito um absurdo inexplicável. Um surto psicótico, uma angústia profunda, um desespero sem narração. Algo terrível como uma canção sertaneja, um filme iraniano, um livro de auto-ajuda. Nenhuma explicação cabe, nenhuma música alivia, nenhum conselho adianta, somente o calmante facilita. Segunda-feira, 20 de outubro, 2008 - horário de verão

Los Alamos - Back Seat

Los Alamos é uma banda argentina que faz um pop/rock com influências de bluegrass, spacerock, folk e country. Infelizmente não cantam em espanhol, mas o sotaque em inglês fica bem evidenciado em suas canções. Vale a pena.

Bloody Paper

Sangrando em páginas Rabiscando o desejo Aproveitando o momento Curtindo o sofrimento. Vendo o tempo Apreciando o vento Lambendo o rosto Jogando palavras Destacando o argumento. Sangrando em linhas Desfilando o sentimento Olhando a foto Observando o tratamento. Sangrando em frases Justificando pensamentos Rasbicando gerúndios Desligando sortimentos. Leonardo Handa - 10 de outubro - primavera

Por uma vida mais ordinária

Na calmaria das coisas um caos manifestado. Difícil relatar os acontecimentos, queria mais relaxar em nosso apartamento e comentar os fatos do dia-a-dia. Colocar Tori Amos na vitrola e divagar o afeto. Mas sempre vem o contrário, as contas a pagar, o carro para lavar, o cachorro para alimentar, a poeira dos móveis para tirar, a louça para guardar, o guarda-roupa para arrumar. Está ficando difícil. Quando foi a última vez em que fomos ao cinema? Aquele do Woody Allen ainda era um lançamento. Quando foi a última vez em que abrimos uma boa garrafa de uísque? Aquela que compramos já está completando 12 anos. Acho que agora é a hora. Não era isso que eu imaginava. Na adolescência, eu pensava que conforme fossemos crescendo os tempos seriam mais proveitosos. Estão sendo criminosos. Crime por não aproveitarmos o salário para gastar com cerveja, crime não por não podermos gozar a rotina, crime de falta de tempo. Eu queria ser um outro tipo de criminoso, um hiperbólico das vontades prazerosas,...

Fica a Saudade

Hoje lembrei, ao acordar, de escrever uma carta. Coloquei a água para ferver e preparei o meu café. Lembrei das noites mal dormidas, dos dias sofridos. Dos cigarros derrubados no chão, do cinzeiro transbordando. O sol perfurou a janela e o raio entrou sem pedir licença. Não sou observador, confesso, muito menos sentimental, Mas a cena me pareceu um sinal. Lembrei você. Iniciei os agradecimentos, os olás, o tudo bem. A fumaça do café se misturava com a do cigarro. Contei um pouco da rotina que ainda acabará me matando, Dos estranhos que acabo entregando intimidades, Da moça da panificadora, do chuveiro estragado, Ainda tenho que arrumá-lo. Tenho preguiça. E do roteiro que ainda insisto em não terminar. Percebi que faz um ano. Como foi estranho. O seu perfume adocicado já não mais está presente, Seus discos de new wave eu já doei, O anel, penhorei. Não quero apavorar a sua paciência No entanto, ainda recebo as suas revistas femininas. Se possível, cancele a assinatura. Se não me quer pa...