5h da manhã. Ainda estou aqui. Não sei mais o que fazer. Um pequeno desespero desce seco pelo olho. Seria emo se eu seguisse o movimento. Aliás, se trata de um?
- Não precisamos saber, só quero entender se chegaremos vivos até a próxima estação. Um estágio pulamos, dois obstáculos passamos...
- E agora você retrata a mesma conversa das 4h. Não é necessário explicações, outras ilusões já apareceram. Eu entendo o seu monólogo, a sua concepção. Basta sorrir, então.
6h15. Qual a conclusão? A fome está incomodando. Cadê aquele pedaço de bolo de aniversário? Eu lembro de tê-lo deixado atrás da manteiga. O refrigerante perdeu o gás? O leite azedou? De fato, sem a minha presença as coisas estragam.
6h20. Está louco? Agora fará metáforas da daquilo que ingerimos? Muito te pus para dentro. Confesso, já tive indigestão. Não acredita? Eu repito e amplio, em certas, senti repulsão. Não preciso provar.
6h25. Que merda! Até então estávamos conseguindo manter um padrão descente. Você sempre optou pela baixeza para conseguir me irritar, me confundir, me agredir. Nunca conseguiu ter classe o suficiente para ridicularizar as coisas, as situações. Também, nunca leu Kerouac.
6h27. Você e as suas manias beats de sarcófago.
6h27. Ao menos não me escondo em Simone Beauvoir!
6h28. Estúpido!
6h28, 23 segundos. Fim.