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Mostrando postagens de março, 2009

Onde Moram os Moleques

Viajo dentro de uma canção, acompanhado de uma boa xícara de café. Relembro uma infância. Tempos difíceis, mas divertidos. O coração na boca ao pular de um muro alto em uma caixa de areia. Tardes vadias em uma madeireira abandonada. Um quase tétano pego em uma lâmina. Um amigo lá para dar a mão. Início de noite em um pé de ameixa. O horário de verão era sempre comemorado com a empolgação cavalar. Um rádio a pilha. Uma sintonia qualquer. Um pôr-do-sol no interior. Os joelhos sujos, as canelas arranhadas. O All Star acabado. A conga destroçada. O riacho sem peixe, as pedras com rostos humanos, os pássaros soltos. O cachorro companheiro, as piadinhas inocentes, as revistas de catequese. As aulas cabuladas, os dias de futsal, as camisetas brancas limpas com Omo. O truque da moeda, a brincadeira do copo, o medo de ser pego. As meninas de Azaléia, os vestidos rodados, os ensaios na casa mal-assombrada. As noites de sábado. Videogame com Baconzitos. As conversas de madrugada, os sonhos adiado...

Por Favor

Entrego as chaves do meu tímpano Para que você entre com as suas ladainhas. Desvisto as minhas complicações Fazendo do simples a minha tradição, Mesmo sabendo que voltarei Às minhas belas contradições. Não sei dizer se é tarde Apenas quero aquela paz As vontades são contrariadas Então pego outras estradas. Permito o acesso contrariado Deixo a entrada aberta Mas acho que estou morrendo Um pouco mais por essa fresta. Vazo um tanto de calafrio Engulo muito o fel Tento bloquear o pensamento E retorno rápido do céu. Às vezes acho que encontro Percebo depois que estou tonto Um pouco procuro a calma E ela revolta logo a alma. Então eu me rendo Permito o acesso contrariado Para depois novamente Encontrar-me dormente. Leonardo Handa - 27/03/2008

Dia. Hora. Segundo.

Mais um dia Em Aflito EU GRITO Uma outra ordem. Eu quero A PAZ Que não encontro Em minha cama. mais uma hora_em_caos. o_ponteiro_quebra_a_minha_aflição. MAIS UM SEGUNDO E O MEU DIA Acaba na hora Em que falo CONTIGO.
Boa música! Há tempos não me empolgava com uma. Salve o Yeah Yeah Yeahs.

Jacinto - Conto perdido

Eu estava encostado com a minha guitarra em um quadrado branco. Mais ou menos como a narração daquela canção. Caetano, por que não? Observava as ações auxiliado pelo olhar de um míope repleto de conjuntivite. Meu cigarro era a companhia perfeita para a análise das garotas com os seus jeans de outras estações. Meio Sex Pistols, meio Hannah Montana. A inocência e a carência de noção. Ordem invertida. Desejos iguais. Iniciei o dedilhado de uma canção do bardo Nick Drake. Errei uma nota. A puta ao meu lado gargalhou. Não tinha ideia de quem era a música, mas percebeu o acorde errado. Apenas retribui sorrindo. Logo um Corcel 72 parou e a moça viajou para mais uma aventura. Só posso dizer que eu as admiro. Coragem é a palavra exata no momento certo. Afinal, algumas partem para o desconhecido, não sabem se vão apanhar, o que o cliente vai pedir, se vão ter que engolir ou cuspir. Certa vez, enquanto eu tocava em um bar-puteiro-espetinhos-cerveja-Pilsen, uma delas chegou com a cara em frangalho...

Dose. Taquicardia.

Falta uma dose de ousadia. Seja noite, seja dia. Ainda fica um ar meio covarde. Seja hoje, seja tarde. Uma outra vontade que persegue. Seja agora, seja breve. A alegria aparece quando consumo. Seja bosta, seja adubo. Mas é de fé o seguimento. Seja água, seja vento. O sentido é continuar o trajeto. Seja torto, seja reto. Eu quero descobrir o viver. Seja tudo, seja crer. Não quero encontrar um fim. Seja fígado, seja rim. É meio etílico, fazer o quê? Seja vodca, seja saquê. Está ficando meio chato. Seja não, seja fato. Não reclamo da falta. Seja baixa, seja alta. Claro que saudades eu sinto. Seja branco, seja tinto. Mudamos de assunto. Seja falso, seja adjunto. Às vezes fico meio cansado. Seja em pé, seja deitado. Perco a palavra certa. Seja alvo, seja seta. Acerto outro palmo. Seja errado, seja calmo. Tento arrancar o sério. Seja pouco, seja mistério. Confesso que não tenho o mal. Seja sincero, seja fatal. Só procuro aquele bem. Seja agora, seja além. Uma paz que todos querem encontrar. ...