Na cadência de um quase samba levanto o seu véu. O olho absurdo revela um lado obscuro que me causa sensações pornográficas. Engulo a saliva. Lambo os lábios. Você me sorri um torto desejo. Eu devolvo um concordar imediato. Não era para ser a conclusão do amor, e sim, a continuação, mas o destino quis o contrário. A noite acabou testemunha da comunhão.
O quarto branco. Os lençóis, as taças, os morangos. O colar despedaçado, o vestido rasgado. A violência gentil do ato, o contato da pele. O raspar dos dedos. Tudo frenético, com o respeito do sentimento. A cena devia ter sido gravada para vermos na separação. Afinal, vai acontecer. Sabemos que o efemêro nos completa. Somos alimento do imediato. Daqui uns anos cada qual voltará ao seu estado regular, desregulando os caminhos iniciados. Não adianta acreditar no contrário, temos a convicção de uma certeza definitiva. Não se trata de amor, são negócios. Mas, se aqui estamos, gozemos um tanto.