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Aspecto, local e clima

2011. 2010.

Estava lembrando. Eu entrava em sala com uma empolgação, mas logo ela se evaporava quando eu via os rostos. No início de cada semestre era muito divertido, só que funcionava como um sexo sem compromisso: depois da gozada, a brochada rápida. Por isso digo que lecionar é uma tarefa árdua, quando não tem romantismo, tudo é sem sentido.

Eu ficava lá na frente, tentando, além de repassar o conteúdo, ser o entretenimento da noite. Meu lema era: se não tem diversão, não vale nada!

Apesar de nem fazer um ano que larguei a sala de aula, não sei se teria culhões para aguentar as sabatinas noturnas. Por mais que eu não gostasse do silêncio, o falatório em paralelas me desconcentrava de uma maneira mortal como se um Hitler incorporasse a minha alma. Às vezes eu explodia, mas de forma moderada, pois sou educado o suficiente e nipônico por natureza.

O estado emocional da época também não contribuiu. Fui despedido sem justa causa de um namoro nada convencional (não para o padrão da outra parte, pelo menos) e tentei juntar os cacos de uma traição. Nem sei se foi esse o motivo. O mais correto é que quando a pessoa me conseguiu, enjoou. Algo típico dela depois da conquista. Espero que mude para não causar o sofrimento que até hoje sinto por causa disso. Enfim, como a cabeça estava totalmente derretida, vazei.

Às vezes sinto saudades que agora vou matá-las em outro aspecto, local e clima.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...