2011. 2010.
Estava lembrando. Eu entrava em sala com uma empolgação, mas logo ela se evaporava quando eu via os rostos. No início de cada semestre era muito divertido, só que funcionava como um sexo sem compromisso: depois da gozada, a brochada rápida. Por isso digo que lecionar é uma tarefa árdua, quando não tem romantismo, tudo é sem sentido.
Eu ficava lá na frente, tentando, além de repassar o conteúdo, ser o entretenimento da noite. Meu lema era: se não tem diversão, não vale nada!
Apesar de nem fazer um ano que larguei a sala de aula, não sei se teria culhões para aguentar as sabatinas noturnas. Por mais que eu não gostasse do silêncio, o falatório em paralelas me desconcentrava de uma maneira mortal como se um Hitler incorporasse a minha alma. Às vezes eu explodia, mas de forma moderada, pois sou educado o suficiente e nipônico por natureza.
O estado emocional da época também não contribuiu. Fui despedido sem justa causa de um namoro nada convencional (não para o padrão da outra parte, pelo menos) e tentei juntar os cacos de uma traição. Nem sei se foi esse o motivo. O mais correto é que quando a pessoa me conseguiu, enjoou. Algo típico dela depois da conquista. Espero que mude para não causar o sofrimento que até hoje sinto por causa disso. Enfim, como a cabeça estava totalmente derretida, vazei.
Às vezes sinto saudades que agora vou matá-las em outro aspecto, local e clima.