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Mostrando postagens de outubro, 2012

Bem-vinda

Desde 2005 que não saia com você, eu acho. Voltar a te ver foi ótimo. Adoro quando tenho casos contigo, mesmo que esporádicos. Sempre é bom escutar sua voz, suas lamúrias, seus dedos ao piano. Gosto quando se faz de triste. Eu me entrego aos acontecimentos. A última vez que nos encontramos, confesso que não estava na melhor maré. Talvez eu tenha sido indelicado ou distante, apesar de presente. De toda a maneira, não foi ruim. Eu que não estava bom. Mas agora você retorna com um vigor salutar, levantando as minhas pálpebras e esquentando a minha virilha. O passar dos anos só lhe fez bem. Seu rosto continua o mesmo, quiça, um pouco chupado nas bochechas. Seu olhar, esse sim, igualzinho quando te conheci, como se fosse uma máquina extraordinária. E agora você reaparece em minha vida de maneira mais direta, porém, não menos consistente e deliciosa. Fiona Apple, bem-vinda ao meu tímpano. 

Dois Beijinhos

Um daqui, outro lá Um olhar acolá. O cigarro, companhia. O espelho, a testemunha. Um beijo, sim, dois, talvez. Mas o enxergar registra E a imagem, sinistra. Ao ver do outro, claro. Uma risada mais alta A luz automática se acende E pretende flagrar O que flagrado já foi Para depois se calar. Agora aqui, depois, sei lá O cigarro continua A imagem torna nua E a verdade do clichê Continua sendo crua.
Aguenta minhas bobagens, minhas asneiras, minhas tolices. Além, suporta os meus dedos, a minha boca e o roçar dos meus lábios. Empresta-me para filtrar a minha voz estriquinada, tratorizante e verbolatente. É desenhada exatamente à face. Nem mais, nem menos. A cantada breguíssima, como o profanador, foi sincera. Curti o riso, compartilhei o humor.  Tem um algo a mais. Possui a característica certa. Arrepia-se. Não sei do que, não sei de que, não sei por quê. De desgraça, talvez. De aguentar. Enxergo errado. Sou míope. Meio surdo, também.  A melhor orelha. 

Laputa

Emprega em minha prega O seu lamento diário. Fraco argumento para despregá-la Mesmo sendo eu Uma puta sem documento. O meu amor está em guerra E o seu olho me fere em fera A sua guitarra me distorce Mas tenho o ouvido ferido. Reclama afoito o coito Não deixando mais do que um troco. Desconversa em público verso Para depois jogar o inverso Que não entendo anexo. O seu amor não é pagável Inviável sentimento apresentado Sentado me quer nua Naquela nuance absurda e muda.