- Com nome de artista de cinema. Disse ela. - Foi assim que minha mãe me batizou. E eu nunca soube seu verdadeiro nome. Nunca. Não naqueles momentos. Conheci outros prazeres, como o toque da sua pele, o cheiro de cigarro do seu cabelo e o molhado de seus beijos. Não tive outras intimidades. Seus olhos castanhos tinham uma tristeza muito bem disfarçada. Eu, que me achava o especialista em decifrar mistérios. Sentia-me o cara mais perdido quando tentava tirar algo daquele olhar. Era impenetrável, ao contrário da parte mais baixa. Bem mais baixa. Um pouco mais. Isso aí. Desce, vai. Pode ir mais um pouco. Eu deixo. A imaginação é livre quando se trata de cada um, de cada qual, de cada mente. É bom, né? - Quando eu sair dessa vidinha lazarenta, quero me mudar para a Batel, ter diarista, mandá-la tirar o pó e lavar o banheiro do meu apartamento como se fosse o reino mais divino. Esquisito, confesso, ouvir isso dela, uma mulher de atitudes simples, às vezes vulgares. Tentei comparar a fr...