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O nome Dela

- Com nome de artista de cinema. Disse ela. - Foi assim que minha mãe me batizou. E eu nunca soube seu verdadeiro nome. Nunca. Não naqueles momentos. Conheci outros prazeres, como o toque da sua pele, o cheiro de cigarro do seu cabelo e o molhado de seus beijos. Não tive outras intimidades. Seus olhos castanhos tinham uma tristeza muito bem disfarçada. Eu, que me achava o especialista em decifrar mistérios. Sentia-me o cara mais perdido quando tentava tirar algo daquele olhar. Era impenetrável, ao contrário da parte mais baixa. Bem mais baixa. Um pouco mais. Isso aí. Desce, vai. Pode ir mais um pouco. Eu deixo. A imaginação é livre quando se trata de cada um, de cada qual, de cada mente. É bom, né?

- Quando eu sair dessa vidinha lazarenta, quero me mudar para a Batel, ter diarista, mandá-la tirar o pó e lavar o banheiro do meu apartamento como se fosse o reino mais divino. Esquisito, confesso, ouvir isso dela, uma mulher de atitudes simples, às vezes vulgares. Tentei comparar a frase com alguma passagem da sua infância, vivida em Pato Branco, muitas vezes comentada por ela nas altas madrugadas deliciadas em meu apartamento, localizado na Mercês, pertinho da Manoel Ribas. Em nenhuma das tentativas consegui chegar a uma conclusão. 

Semana passada, lendo a Tribuna, vejo na capa, não como chamada principal, mas com certo destaque: Prostituta é encontrada morta com uma maçã no rego. Ao ver a matéria, a foto dela, não naquela situação degradante da manchete, apenas seu rostinho moreno, de uma beleza interiorana. O jornalista, pelo menos, foi mais esperto do que eu. Briggitti Bardô, assim mesmo, era o nome da guria. 

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.