Cá estou. Uma segunda-feira daquelas. Terríveis, como sempre. Não há
pior dia da semana. Alguns otimistas me jogam um pouco de incentivo. Nada
adianta. Acordei da maneira mais bosta possível, tendo um daqueles ataques de
pânico que adoram me maltratar. É muito amor para pouco corpo. Um amor sádico,
que nutre o desejo de se instalar em meu cérebro como hospedeiro predileto,
como criança que não quer sair do playground.
Meu café ficou fraco, meu olho não para quieto, insiste em tremer e
não consigo focar em algo que valha a pena. Não se trata de exagero:
segunda-feira é sempre o dia do fim do mundo. Sempre acontecem coisas erradas,
como o meu café que ficou fraco. Até preferi não fumar um cigarro inteiro pela
manhã. Pensei: hoje farei diferente somente para ver se o dia correrá
diferente. Por enquanto, nada. Tudo igual. 20 miligramas de fluoxetina no corpo
e muita água. São quase 11h. Está resolvendo? Resposta: não.
Mas, além desse dia cu, descubro que estou dois quilos mais gordo. Uma
beleza. Acho que faz um mês que não vou à academia. Não que isso seja grandes
coisas, afinal, não sou daqueles que leva uma vida saudável, apesar de comer
frutas e verduras regularmente. E todas as calorias se acumulam aonde? Na
barriga, lógico. Isso é meio incômodo. Eu, outrora um magro de barriga seca,
agora revelo uma saliência. Dizem que o cigarro inibe o apetite. Ao invés de
fumá-lo pela metade, eu devia ter fumado inteiro. Com gosto. Hoje é
segunda-feira. E é um bosta!