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Iguais a nós se põe percebido

Na constante dessa hora
Vou embora do dessabor
E levo comigo o ventilador
Porque para onde vou
Bate um tremendo calor.

O seu sorriso
Eu levo na memória
Outrora quiséssemos algo
Que não fossem apenas lembranças.
Você tinha pensado em crianças
E percebemos após que seria um erro,
Como investimento imobiliário em Portugal
Ou emprego rápido na Espanha.
Vimos que o equívoco sairia da entranha
E tudo, de repente, seria ocasional.

Agora visualizamos a casa vazia
Os discos em uma caixa de papelão
E nos meus braços o Jamelão.
Um último beijo, por fim, desistimos
E seguimos cada qual um sentimento.
O ódio já foi esquecido e, estremecido
Tornou-se aquela comodidade
Que talvez, somente com a idade,
Iguais a nós se põe percebido. 


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Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
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