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Os Ditames Errôneos - Volume

O alcoolismo é uma fuga desprezível dos desesperados. A entrega às gotas da vã felicidade é conturbada e se mostra uma cilada aos anos, à saúde, à vida. Mas não se parece isso quando um estágio de afago se esvai pelo ralo das possibilidades. Alguns espertos até conseguem destilar poesias: inspirações que transpiram em corpos-outros. O bufão grandiloquente do Bukowski não tinha medo disso. Quem tinha medo dele era a própria bebida.
No entanto, há aquela entrega fraca, que se converte em tapas, em brigas, em assassinatos e demais loucuras do cotidiano urbano e rural. É triste e vende jornais, rende reportagens e lendas populares; rasga a sensibilidade e faz chorar a comunidade. 
Grande alcoólatra de tempos latidos com gás e fúria, o hoje Homem de Ferro tinha um demônio em uma garrafa. Sua indicação ao Oscar, interpretando Chaplin, só fez piorar a guinada ao fundo de um litro de vodca. Saiu derrotado? Nenhum um pouco. Utilizou os momentos a seu favor, mesmo que aos tropeços. Como Mickey Rourke, se tornou um cover de si mesmo em papéis repletos de papelões que, num futuro, lhe trouxeram a sapiência de parar de utilizá-la com caráter malévolo e transfigurou-a em artifícios de ironia e beleza. 
E, portanto, no mergulho do exagero, como tudo que é inconsequente, nada vale, basta o consumir sem atitudes hiperbólicas para amenizar cada finisse da vida. Afinal, até a religião descomedida traz o seu mal escondido.

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um gole de derrota nesse asco. um casco entre as unhas, colabora. o copo quebrado acumula pó e o nó na garganta é charme. a calma quer explodir em caos para um fundo em furo se enfurecer na poética dissonante de um crescente anoitecer. mencionado antes, agora exposto "o mundo está duas doses abaixo" por mais que às vezes, acima, recria o oposto da colocação. então, não tenha medo hora ou cedo o coração padece e merece um aproveitar que tenha como fim o sorrir. (mas não acontece).

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.