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Sim, eu tive sonhos. Queria sair aí pelo mundo, escrevendo. Mas, antes, gostaria de ter trabalhado com jornalismo cultural. Queria ter resenhado Ventura para a Showbizz. A revista nem estava mais em circulação quando o Los Hermanos lançou o álbum. Que pena. Queria ter dado minha opinião sobre Abraços Partidos na SET. Sequer deu tempo de fazer isso. Faltou talento também. Queria ter terminado de escrever meu livro. Mas também faltou talento. Queria ter composto mais músicas e ter vivido dela por um tempo, nem que fosse para passar fome no centro de São Paulo ou em Guadalajara. Queria ter viajado o litoral dos três Estados do Sul. Fiquei apenas no queria.
Hoje, exatamente agora, no meu trabalho, estou pensando a respeito, tudo por causa de um e-mail da chefe. Nele, ela me perguntava quais eram minhas principais dificuldades, qualidades e com que eu mais me identificava no expediente. Respondi numa tremenda autoanálise que me proporcionou uma crise gigante. O que estou fazendo aqui? Sim, eu gosto de trabalhar com publicidade, mesmo que a minha formação acadêmica seja a de jornalismo. É interessante entrar nessas situações de vez em quando. Afinal, a vida é feita de repensamentos também. 
Fiquei imaginando aquele rapaz de 22 anos, em plena faculdade, querendo ser um agitador cultural, que entendia tudo sobre música, compositores, bandas, filmes e diretores. Que não perdia uma edição de suas revistas prediletas. Que devorava cada frase de Pedro Alexandre Sanches a Alexandre Matias. Cabia tudo um pouco no caldeirão de estilos linguísticos, frases curtas, adjetivos e títulos. Mesmo não sendo a bíblia do catolicismo cultural, eu saboreei demais o livro do Daniel Pizza (que descanse com Hendrix). E hoje? É essa a pergunta que me invade pelos poros, me entope o nariz, me engasga, me entorpece. 

Mundo, mundo, vasto mundo. Se eu me chamasse Folha de S.Paulo, ainda assim não seria uma solução, muito menos uma rima, seria uma possibilidade finita para um próximo sonho com ilusão. 

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.