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Hoje eu senti saudade da solidão. Algumas pessoas temem isso com devoção. Aos 15, me imaginava um adulto solitário, vagando o mundo meio sem rumo, ao sabor de algo que ainda não sei o que é. Com o passar dos anos, acabei fazendo bons amigos e me viciei em pessoas, de todos os tipos, credos, cores, sentimentos e idiossincrasias. Mas foi um ex-namorado que começou a me despertar o medo de ficar sempre só. Por culpa dele vieram as fobias, as síndromes e a depressão. E aquela coisa que eu sentia ser romântica na adolescência, começou a se tornar doença. E, estranhamente, hoje senti saudade da solidão.
Eu vejo que às vezes me desentendo com as pessoas, pois nem sempre concordo com elas. Ou, quem sabe, não deixo claro minha opinião que, por vezes, confesso, é repleta de nebulosidade. Sempre fui adepto do subjetivismo e gosto de pensar que todo mundo deve interpretar qualquer coisa, seja um comentário, uma música, uma situação. Tudo deve ser analisado. No entanto, alguns possuem uma preguiça tão horripilante que chega a causar certo nojo. Sinto-me um pouco culpado de observar as coisas assim. Alimento isso e, de certa maneira, esse negócio não é bom para minha saúde mental, que é bem debilitada.
Mas, voltando à solidão, quero acrescentar a vontade que me assombra de maneira bonita: o silêncio. Após os 30, comecei a ficar muito impaciente com os ruídos, algo bem joaogilbertiano. A confusão, outrora, me fazia um danado contentar. Atualmente, dá vontade de arrancar os tímpanos com o barulho de terceiros. Essa característica tem se tornado birra e ódio depois que resolvi largar o lar dos meus pais e a me aventurar em carreira solo. E, agora encerro por aqui a reflexão: momentos de solidão eu necessito.

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Dois

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