Hoje
acordei com uma saudade curitibana. Algo meio corrosivo, confesso. Mas que
causa um sentimentalismo nervoso, sobretudo quando imaginado pela Manoel Ribas.
A
noite, os faróis, os meninos e as meninas, o cigarro e a cerveja mais barata da
esquina. Alguns sorrisos tortos, algumas conversas bobas, outras profundas, com
direito a citações de poetas que nunca li e, provavelmente, nunca lerei. E
depois de tudo, o sono em algum colchão inflável.
Pela
manhã, o gosto do fel, a cabeça levemente girando e um cheiro de café Iguaçu no
ar, dançando feito bailarino do Guairá. Um domingo entre amigos, com análises
estilosas dos passantes e seus cachorros. Até consigo imaginar qual seria a
trilha sonora, uma daquelas bandas indies do fio do cabelo até o tênis propositalmente
sujo. E claro, um friozinho-capital batendo na barba.
Uma
recordação antes do conhecimento de todos, do esparramo sincero das lágrimas
derrubadas, das situações cabulosas e do ódio-geral-da-nação. Quando havia
pingos de aventura ao invés desse conforto infalível em que me meti. De tempos
em tempos, sentir essas guloseimas de outrora, traz o cidadão inconformado que
fui a tona, um cara que não deveria ter deixado morrer, mas que a depressão
conseguiu vencer.
Gosto
de colocar essas ideias todas misturadas, narrando o sonho com a saudade, as
lembranças com as confissões, os sons com os gostos. Traz a ideia exata da
vivência dessa saudade, quando era tudo ao mesmo tempo e agora.