A dor do término de um amor
Quando um
relacionamento entre um casal que se ama chega ao fim, caso você seja 50% desse
amor e esteja nessa situação, o que faz? A dor e o sofrimento parecem algo
infinito. Ambos os sentimentos batem na sua cabeça assim que os olhos são
abertos pela manhã, se é que houve uma noite de sono. Tudo é muito difícil.
Seus amigos tentam o
impossível para te levar às alturas, aconselhando-o com frases de impacto, te
tirando de casa, preparando jantares e enxugando suas lágrimas. Mas o que de
fato você faz? Fica olhando os objetos que ele deixou na sua casa, cada um com
uma história que na sua mente parece algo fantástico. Até uma simples meia se
torna a coisa mais fabulosa para se admirar. Ao invés de apagar as mensagens
dele do seu celular, repassa uma por uma para lembrar-se dos momentos lindos
que passaram juntos. Aí bate aquela vontade de ligar, de escrever pelo WhatsApp,
Facebook, Messenger, Google Talk, sinal de fumaça, telegrama, Sedex 10 e o
escambau. Sim, eu sei muito bem, como é difícil se controlar, sobretudo quando
se trata de uma pessoa que sofre de síndrome de ansiedade.
Em tempos de pessoas
cada vez mais conectadas no meio on-line, o relacionamento só fica sério mesmo
no momento em que o status é atualizado. E é sinistro como a gente se pauta
pelos acontecimentos das mídias sociais. É o fim dos tempos quando o seu
ex-namorado exclui uma foto sua de um álbum, ainda mais se o título é “Amor da
Minha Vida”. Você fica perseguindo-o todo o dia pelo Facebook, procurando algum
vestígio de que ele seguiu em frente sem a sua presença. Tudo vira motivo para
te tirar do sério. E eu pergunto novamente, o que você faz? Bebe. Bebe vodca
pura, bebe vinho com melancia, bebe água com açúcar, bebe Maracugina, toma
comprimidos e, no fim, toma bem naquele lugar.
Aquela angustia em
moto-perpétuo chega ao coração, que dispara como um atleta disputando uma prova
final de Olimpíada. Não adianta yoga, reiki e incenso de camomila, tão pouco um
desabafo sincero com a sua mãe e até com a sua ex-cunhada. Então, você se
desespera e apela para a lista de telefone do seu celular, desejando que alguma
pessoa lhe console. Mesmo querendo apenas sexo, no fim o seu desejo é por um
abraço que substitua aquele que foi perdido. No entanto, todos os seus contatos
estão namorando ou estão enroscados com outros indivíduos e você perdeu de vez
a chance ao lado deles. Essa situação de se rastejar em direção à ex-ficantes
te deixa mais triste, primeiro, porque não conseguiu nada, segundo, por ficar
com a consciência pesada e, terceiro, não menos importante, você se sente a
pessoa mais podre do universo.
O mais incrível disso
é a transformação da sua libido. De uma hora para outra você sente vontade de
agarrar qualquer um. Mas aí se lembra de que, para isso, é preciso flertar.
Como faz muito tempo que não exerce a arte de chegar em alguém, tenta todas as
suas velhas cantadas. Suas mãos suam, sua voz sai trêmula e você fica parecendo
um comediante da “A Praça É Nossa”. E, de repente, depois de muitos nãos, está
completamente bêbado e retorna para casa sozinho, pega o telefone, liga para o
amado de madrugada e é atendido pela Caixa de Mensagem. E o que você faz? Desespera-se
e pergunta-se: por que o celular dele está desligado? Resultado? Não consegue
dormir e põe aquele disco da Adele para tocar, aquele que tem uma música com a
frase: “as cicatrizes do teu amor me fazem lembrar de nós”.
Com o tempo, você até
se torna um pouco cínico e toda manifestação de amor que vê na rua te causa
repugnância. Porém, você sabe que essa pessoa não é você, e sim, um indivíduo
totalmente confuso. E é justamente ele, o tal do tempo, que curará sua dor e o
fará perceber que tudo não foi em vão, pois veio o aprendizado, veio a
experiência e vieram as respostas. Se não era para ser com ela, será com outra
pessoa. A paciência é o caminho do êxito, mesmo que isso não seja possível nos
meses recentes pós-término. Quem sabe (afinal, o destino sempre nos prega peças)
vocês possam se acertar num futuro, transformando todo aquele passado em um esboço
mal feito e, assim, redesenhar uma nova vida, ou, num ciclo-vicioso de amor,
alegria, felicidade e, acima de tudo: confiança.