Quem sente síndrome do pânico sabe o quão terrível é ter os sintomas durante o trabalho. E trabalhar em rádio com essa ansiedade toda é o desespero retratado nos olhos. Nos últimos dois dias têm sido assim. Levanto bem, apresento com meus colegas o jornal matinal, repasso as notícias, faço comentários e vou me preparando para os textos do restante da manhã, além de algumas edições de áudio. Nesse momento, tudo começa a rodar. A concentração me escapa, fico mexendo toda hora na sobrancelha, como se ela fosse um botão que reiniciasse o meu cérebro. Ponho os fones de ouvido para aumentar minha percepção do que estou fazendo e sai tudo no automático. Odeio essa sensação. Tudo parece que sairá do controle. Tenho vontade de sair correndo, me bater contra uma parede, de berrar vários nomes e de arrancar minha espinha dorsal com um facão. Desde 2008 é assim.
Começou quando sobrevivi a um relacionamento complicado. A primeira vez que ela visitou a minha cabeça, eu achei que estava enlouquecendo e, lógico, tinha a certeza de que iria morrer naquela instante. Eu trabalhava como coordenador de uma agência experimental de jornalismo de uma faculdade. Depois que minha estagiária saiu da sala, eu me encostei na parede perto da janela e não consegui mais controlar meus pensamentos. Surtei. No entanto, conseguia controlar o meu corpo e não tive nenhum acesso de desejo de querer quebrar algo. Na realidade, gostaria de ter quebrado o meu próprio crânio, pois sentia que o capeta tinha tomado conta da minha alma. O coração disparou. "Pronto, morrerei de infarto, parada cardíaca, derrame, AVC, sei lá", isso era a única coisa que conseguia pensar. E agora estou sentindo os mesmo sintomas, por isso, não continuarei esse texto. Mais tarde, quem sabe.