Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de abril, 2017
A dúvida que fica A dúvida que passa Há dúvida ainda Em cada letra, relaxa. lsH.
Eu quero a sua pele exposta em mim, agora. Quero sentir o respiro de cada poro, como pequenas explosões de satisfação. Quero te fazer gozar com a precisão mais cirúrgica que o Pitangui já proporcionou. Quero retirar do seu hálito o gosto novo inventado na minha boca. Quero proporcionar o amor mais afoito nas horas mais improváveis. Quero arrebentar em decibéis o seu tímpano, com inúmeras frases que versarão sobre o sentimento maior: o amor. Quero te chatear e te cansar com as  minhas asneiras e baboseiras a respeito do gostar. Quero te encher de guloseimas sentimentais e te abusar nas madrugadas de chuva. Quero embebedar o seu olhar com os gestos mais cafonas que o romance pode enobrecer. Quero viajar em seu corpo e utilizar a minha língua em cada dobra que eu encontrar. Quero me aperfeiçoar na melhor breguice que uma canção pode ocasionar. Quero me fortalecer na fúria de seus lábios enquanto o futuro aguarda o mais belo sorriso que nenhum dentista ousará interferir. Quero a sua bi...

Poderia

Lembro de lá, o lado atlântico,  um romântico desesperado a encontrar,  sabe-se lá o que seria: um olhar, quiça.  Mas recordo da nitidez ao falar,  mesmo sem entender o seu contexto.  Era de se apaixonar.  Tinha no semblante algo confuso.  Dava gosto de cogitar.  Muitas coisas a observar.  Do escuro dos olhos ao cabelo ralo.  O jeito de molhar os lábios para dizer, fosse qualquer coisa.  Não trazia nada, apenas um anel no dedo.  Dizia que significa, agora, o fim.  Enfim, não fiquei sabendo do resto,  pois faltou um tiquinho de coragem.  Poderia ter sido um recomeçar.
Pós-almoço Dá um soninho Que se torna Dono Desse corpinho. Poderia ser o seu Poderia ser o meu Mas quis o destino E o amorzinho, morreu.

Sexta-feira Santa

Faço algo para me distrair.  Espantar essa coisa coisada nos olhos.  Esse líquido de sono que escorre.  Esse bocejo que não me socorre. Faz tempo que penso em algo para me consumir. Uma ira aguda na garganta. Um tiro na narina. Um barco sem marina. Fico um bom período sem imaginar. Mas insiste um sonho. Um furo no peito. Um espaço sem leito. Frasco vazio está presente no momento. Um moinho sem vento. Nordeste sem sertão. Gaúcho sem chimarrão. Fracasso é o perceber do agora. Comemoração sem vitória, sonho sem dormir, coração sem sangue, lábios sem sorrir. lsH

Momento

E naquela hora exata A sua frase imposta Me fez acreditar Que a vida valia a pena. Mas a minha pena Foi confiar que você Era o amor exato Que completaria A minha imperfeição. Hoje sabemos Que nada aconteceu E que apenas o impulso Nos conduziu pela estrada Que de asfalto era pó E o momento, ilusão. Ainda bem que o bem Não estava naquele instante E que o fim foi melhor Para o meu eu. Às vezes é triste Aceitar a tristeza Como forma de certeza Para melhor viver Essa falta de amor.
Basta sofrer um pouco para aprender Naquela loucura desenfreada do sentir. Basta querer a mais para entupir A cabeça com as boas razões de viver. Basta muito para bastar. Basta tanto para amar. Basta aqui para bolar. Basta o extremo para sair.

Para você

Para você que flutuou os meus sonhos mais eróticos, daqueles em que o mínimo eram as roupas rasgadas, que uma engasgada não significava nada, que uma picada era o lindo em sua bunda. Para você, o amor que me torturou, que me enlouqueceu, que deixou os meus dias em calafrios com o seu não tentar. Para você, o meu pulmão de fumante, o meu corpo de alcoólatra, a minha fraqueza desesperada. Para que você que perfurou, mesmo sem saber. Para você, os meus versos mais belos, mas nunca compostos. Para você, a minha vida com trilha sonora vinda do nórdico, dos instrumentos mais inusitados, das partituras menos clássicas. A você a minha rapsódia em si bemol para Guitar Hero. Para você que me conquistou na primeira letra do verso nada romântico que deixou o meu sangue mais medonho. Para você que me permitiu gostar de você, em sua cama, com a minha língua em cada pedaço do seu corpo, autorizando um adentrar, um gozar e um abraçar. Para você que me ofereceu a melhor orelha para morder com a preci...
Do futuro, vamos Consequência é preciso. Ao ouvir reprovação, Gosto, Pois inquietação existe. Do fundo do poço, aposto É preciso ter cuidado. E quando sorrir, desculpe Mas mostrarei meu desgosto Só para provocar. lsH

meia

Meia-luz, meia taça, meio vinho, meio assim. Meio abraço. Metades. Sejamos. O meu grito foi de fúria. Fúria de viver. Fúria de gostar. Fúria de azar. Fúria de natureza. Fúria de final. Fúria de fazer. O seu foi de desespero, de lamento, de tristeza, de pesar. Juntemos, então, cada qual em uma outra canção com apenas três notas dedilhadas que imprima o sentir das coisas expostas. Uma delicadeza noturna que os amantes da razão entendem com perfeccionismo salutar. Eu queria  ter citado outro poema, mas esqueci os versos. De toda a forma, imprimiu na boca a sede metafórica das delícias sobrescritas em meu peito. Se todos os dias fossem assim, eu seria o rei de mim. Portanto, sigamos. O caminho aberto das possíveis adjacências, os textos intermináveis sobre o fel, o mel, o céu. A cicatriz descoberta e marcada em um Dia de Independência da nossa nobre nação. A dobra revelada quando caído o pano apresentou. Um sono em seu ombro, agora, continuou no meu sonho. Prometo sempre estar em sua ...

Compreensão

No momento do tchau A garganta desesperada Vai sangrar E pedirá clemência Para ficar. Já prevejo aquela dor funda Na infinitude da alma Que parece nunca ter descanso. O meu talento é perder E os poucos são frascos Que vazios ficam Enquanto engulo Os sentimentos oprimidos. Sim, vai doer E se vai passar, Me desculpe o cantor, Mas vá desmanchar o amor De outra ocasião Porque aqui neste coração Já não resta mais pingo De compreensão.

não padece

o esquecimento da prece, daquele dia de sol, banhado de laranja pelo rosto, como uma promessa cumprida, não sei se merece. não sei se merece ser deixada ali jogada. tantas outras se foram que essa não carece. não carece de rompimento apesar da minha não sabedoria. poria em algum pote metálico para conservar, só que não sei se um dia vai querer olhar. olhar lá no fundo, aquela minha memória mais feliz. mais feliz da vida, na prata do mar abençoado por deuses falecidos. falecidos como os sonhos que escrevíamos em postais colados em nossas paredes de memórias. memórias de dias vividos e divididos com a mistura do melhor sentimento e depois com sofreguidão. sofreguidão que eu jurava ser apenas uma fase que passaríamos como os pássaros negros que pousaram e se foram. contudo, não. o que ficou foi a tentativa de esquecimento da prece, que não padece porque te amo.