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Simples assim

Você não escolheu o seu corpo. Você era um espermatozoide não pensante e sem emoções, viajou, encontrou o óvulo, fecundou e putz grilis, que merda. Herdou as condições físicas dos seus pais, aceite e um beijo. Mas, você pode modificá-lo, lógico, seja com atividades físicas, boa ou má alimentação, com sedentarismo, pilates, sentado no sofá comendo Ruffles e tomando Fanta ou correndo dos crushs. São dois polos: o corpo perfeito daquele seu amigo do Instagram que você dá likes ou a condição da vida, por preguiça, que te leva a acumular gordura, triglicerídeos e colesterol ruim. De toda a maneira, a nossa relação com o organismo parece que nunca está a contento. Invejo as pessoas bem resolvidas com suas carnes.
Desde quando o homem resolveu ser bípede, existe uma relação difícil com a estrutura física. Certos casos, inclusive, podem ser patológicos, como apontou o neurologista Oliver Sacks. Em determinadas situações, as pessoas nem reconhecem seus próprios braços. Fisicamente é uma coisa, mentalmente, é outra. Alguns até se mutilam. Já outros indivíduos procuram motivos ou razão para dar condição aos seus pensamentos, como seguir o mandamento de que o importante é ter uma alma saudável. “A ideia de que somos espíritos presos dentro de um invólucro carnal é tão poderosa, tão persuasiva, que você tende a pensar assim, mesmo que não seja crente”. São milênios de quase protagonismo entre o que entendemos por alma e essa coisificação física. E dá-lhe disciplina, cilícios e flagelações. Mas, também, dá-lhe anorexia, bulimia e cirurgias plásticas. Olá Michael Jackson, tudo bem? Como está teu corpinho?
A atração pelas intervenções é tão prazerosa que torna a dor um prazer irremediável. Vide as tatuagens. São tão viciantes, é uma experiência maravilhosa, um alívio quando você vê o resultado, ainda mais quando faz com um profissional do caralho. Alô Ricardo Reis, para mim, você é o melhor. Enfim, o rabisco na pele nos dá a sensação de que podemos derrotar o inimigo pelo menos uma vez, além de nos dar a dica: quem manda no meu corpo, sou eu, não você, espírito reencarnado. Se queria fazer algo, que fizesse em outra vida, não com a minha, seu jaguara.

Se não escolhemos o corpo, ao menos cabe a nós fazermos o que bem entendermos dele. Abraço!

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.