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Mostrando postagens de fevereiro, 2022
  Não precisa. Estou à deriva. Estou derivando do veraneio. Não necessita, estou tranquilo. Estou à base do corriqueiro. Não tenho pressa, eu sou preza, Apressado conteúdo de sutileza. Não precisa entrar, estou alheio, Hoje me interno no devaneio. Estou sozinho a contento Não quero fixo, nem bloqueio. É claro que um dia também quero Mas procuro calma sem receio.
Daquele artifício De um tom absurdo, De um ouvido errado E de outro surdo.

Todo zen

Um copo de conhaque acompanhado de uma tosse chata. A voz rouca por causa dos muitos cigarros e do exagero da noite passada. A meia-luz serve de distração para o inseto que nem percebe a sua real insignificância. A janela um pouco aberta. Apesar do frio, muito odor no quarto de um prédio de classe-média. A fumaça vai bailando encontrando o ar da rua que insiste em ser a veia dos poluentes mecânicos. Acho que estou com um pouco de febre, sei lá. O bicho na lâmpada está começando a me incomodar. Logo esqueço. Leonard Cohen amortece os meus tímpanos e eu, em transe, me transporto para um campo de aveia. Fecho os olhos. Estou correndo sem direção alguma, só sentindo o vento morno adentrando os meus poros faciais. Sigo como um alucinado acreditando ser o humano mais feliz do mundo somente por causa do sol em meus lábios. O azul do céu é de um absurdo tão belo que praticamente esqueço que existem outras cores. O bardo canadense continua embalando, satisfazendo a minha sensação única de liber...
  Eu quero a marginalidade em fratura exposta no meu corpo novamente. Desejo sentir na mente a inconsequência de não me arrepender pelos atos, independente dos fatos. Peço pela clemência do alcatrão que corrompe a minha garganta. Espero sentir outra vez o sangue das minhas mãos. Quero fumar Tom Waits. Quero rasgar Lou Reed. Quero dilacerar Ginsberg. Eu quero tudo sem culpa, incluindo o exagero dos versos, da pronúncia errônea e da falta de coesão. Eu desejo a leveza bêbada que eu não consigo entregar, pois insisto em me controlar e não me deixo levar pela embriaguez que outrora sobrevivi. Cadê aquele jovem com pensamento velho de safadeza aflorada, como se estivesse copiando descaradamente o Bukowski? Não percebi o momento em que deixei a gagueira insossa do cotidiano me domar as rédeas cavalares, antes soltas de prazer. Pior que não encontro o período quando me deixei perder pela falta de agir enquanto via o status quo morrer. Por que eu perdi aquele lema de que ser feliz sozinho ...
Você não precisa de snapchat Quando se tem essa memória efêmera. Apenas do Photoshop, Caso queira se eternizar, Mesmo sendo linda Sem o Boticário. Você já tem todos os corações do Tinder, Mas lhe falta um de verdade. Você não compartilha o seu amor Pois o seu beijo é puro blefe. Você não precisa De mais curtidas Já que o seu sentimento É um link patrocinado. lsH  

Os deuses

  Coisas belas e sujas Você cuida Com suas mãos. E a criança Que chora solidão Só quer um afago De gratidão. A prima da esperança Em combustão revela: eu vou te ninar, Mas espere o amanhã Porque agora Um pouco vou sangrar. E o doce alvorecer Não dá o bom dia desejado E outra lágrima cai Do andar mais alto. A filha aguarda o pai Que amargurado é revelado Um novo soldado De um deus maltratado. Por isso que amargurado Deixa para a segunda-feira O carinho suplicado. lsH.