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 Eu quero a marginalidade em fratura exposta no meu corpo novamente. Desejo sentir na mente a inconsequência de não me arrepender pelos atos, independente dos fatos. Peço pela clemência do alcatrão que corrompe a minha garganta. Espero sentir outra vez o sangue das minhas mãos. Quero fumar Tom Waits. Quero rasgar Lou Reed. Quero dilacerar Ginsberg. Eu quero tudo sem culpa, incluindo o exagero dos versos, da pronúncia errônea e da falta de coesão. Eu desejo a leveza bêbada que eu não consigo entregar, pois insisto em me controlar e não me deixo levar pela embriaguez que outrora sobrevivi.

Cadê aquele jovem com pensamento velho de safadeza aflorada, como se estivesse copiando descaradamente o Bukowski? Não percebi o momento em que deixei a gagueira insossa do cotidiano me domar as rédeas cavalares, antes soltas de prazer. Pior que não encontro o período quando me deixei perder pela falta de agir enquanto via o status quo morrer. Por que eu perdi aquele lema de que ser feliz sozinho era realmente ser feliz? Bastava um gole de cachaça para lembrar e elucidar a clareza da vivência. Afinal, o apelido de demônio da garrafa não era mera licença poética, era concreto objetivo que tatuado ardia de alegria no cerne.
Eu quero o foda-se!

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.