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Falsa-idade


Extravasa, meu bem. Joga na cara, cospe no rosto a angústia sádica. Violenta o corpo frágil adquirido em outros verões. Crave no peito as palavras de ódio. Faça-o sangrar outras verdades. Chega de esconder a falsidade. Encare os olhos e fale a verdade, na cara, com vontade. Vaze os sentimentos repreendidos. Deixe escorrer o veneno sem vergonha que você camufla nos lábios não pintados. Mas, venha com sede, não se deixe arrepender.
Não tenha dó. Pode jogar cinza de cigarro nos meus olhos. Pode me queimar com a brasa, com o isqueiro, com o ódio. Deixe-me ao avesso. Rasgue a minha pele. E faça devagar, somente para sentir o prazer de torturar. Apenas não minta mais a respeito do desrespeito que você sente. Não preciso mais de tapinhas nas costas. Caso quiser, bata com um martelo. Eu já sei da inveja. Agora eu quero a violência.
Extravasa. Cospe. Violente. Crave. Sangre. Encare. Vaze. Sem dó. Jogue. Queime. Rasgue. Torture. Brinque comigo. Pode brincar, eu deixo. Porém, faça dessa sua falsa-idade uma verdade. Afinal, já somos adultos o suficiente. Chega de papos paralelos a respeito da minha pessoa. Venha e fale na cara. Mas, venha com vontade.

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