Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de abril, 2007

As várias armas para fuzilarem em vendas

Existem coisas que já nasceram para serem engraçadas, mas também são trágicas. Os emos. Pior, agora diz que existe uma outra vertente desse "movimento" de garotos e garotas com lápis nos olhos, um tal de scream-emo. A revista MTV deste mês traz uma reportagem com essas pessoas que adoram bandas como Fall Out Boy, Fresno e Panic At The Disco. Tirando as duas primeiras, até que a outra tem um som interessante, com algumas intervenções criativas em suas canções "historinhas" e muita maquiagem e roupas que parecem terem saído do filme Moulin Rouge. Bom, fazendo um adendo, até que seria engraçado ver a Nicole Kidman e o Ewan McGregor como vocalistas de uma banda emo, fazendo uma versão com guitarras altas de alguma canção do Elton John. Pois bem, cheguei até aqui somente para colocar um depoimento de um garoto que foi entrevistado pela revista que, convenhamos, ficou hilário. A tristeza tem dessas coisas. Segue o depoimento. Ficam me xingando, dizem: "Aí, seu emocor...

Alucinada!

Venha-me. Arranque o coração pela boca, passando a sua mão pela garganta que armazena o alcatrão fumado todo o santo dia. Destrua-me. Desfoque a minha visão com a sua imagem, com a sua pose mais erótica. Trate-me. Alimente o meu ego enfraquecido com o calor mais sagaz da sua entranha. Cause-me. Arrepia os meus pêlos mais íntimos com a satisfação mais sexual da sua pele. Encoste-me. Deslize a sua mão pela minha nuca, até chegar nas costas, mas não faça cócegas. Revire-me. Permita entrar devagar pelos seus lábios para que depois eu saia rápido para jorrar. Queira-me. O amante mais provável entre os tantos que invadiram a sua astúcia. Satisfaça-me. Realize os desejos dos sentidos escarniários. Apaga-me. Encaixado em concha quero também descansar. Reviva-me. Após uma pestana sem compromisso, recomece o ato por assim belo e marginal. Beba-me. O fluído denso agora pode servir de alimento. Devore-me. Calmamente, rapidamente, lentamente, forazmente e continuamente. Roube-me. A alma nada ingênu...

Trecho de um livro ganho de uma amada

"Anotações para a minha tese: Catulo dedicou toda a sua obra a Lésbia. Antínoo se jogou num açude quando pensou que já não era belo o bastante para Adriano. Marco Antônio perdeu o império por Cleópatra. Lancelot traiu seu mentor e melhor amigo pelo afeto da rainha Guinevere, e enfermo de amor e remorso empreendeu a peregrinação em busca do Santo Graal. Robin Hood raptou Lady Marian. Beatriz resgatou Dante do purgatório. Petrarca dedicou toda a sua obra a Laura. Abelardo e Heloísa se escreveram durante toda a vida. Diego Marcilla, em Teruel, caiu morto aos pés de Isabel de Segura ao saber que ela havia desposado o pretendente designado por seu pai. Julieta bebeu um cálice de veneno ao ver Romeu morto. Melibéia se atirou pela janela à morte de Calixto. Ofélia se jogou no rio porque pensou que Hamlet não o amava. Polifemo celebrou Galatéia até o fim de seus dias enquanto vagava choroso por prados e rios. Botticelli enlouqueceu por Simonetta Vespucci depois de imortalizar sua beleza n...

Life Is a Song

Algumas músicas acertam em cheio o tímpano, ferem o olho, estraçalham a carne, violentam o corpo e rasgam os lábios. Como é gostoso você descobrir um novo som que faz com que a emoção fique a flor da pele. Um das recentes descobertas é "Life Is a Song" que entrou sem pedir licença e arrebentou as minhas artérias. A levada country interfere de tal maneira que, quando você menos imagina, está em um velho carro percorrendo por ruas desertas de uma cidade do interior. Enquanto você desliza com o seu veículo antigo pela pequena avenida, as luzes vão acertando a sua retina bêbada que procura algum ponto de concentração, somente para não se distrair e não perder o rumo, sem saber qual é o real. Surreal.

Nada de velho para colher no jardim

Era madrugada. Os ônibus realizavam a dança da despedida. O movimento frenético de pessoas iam preenchendo a paisagem de concreto e vidro. Em um canto do salão, uma turma derrubava lágrimas de adeus. Alguns iniciaram um canto que deveria remeter à alguma lembrança de convívio. O momento foi bonito, mas não trouxe sentimentos maiores aos que estavam de passagem. Afinal, a correria não permitia observações mais detalhadas. Os bancos da rodoviária estavam todos ocupados, muitos por pessoas que aguardavam a sua vez para embarcar. Outros tantos serviam de apoio para malas e demais bagagens. Certas crianças corriam eufóricas pelos corredores. Não seria novidade se algumas delas estivessem perdidas de seus pais. Mais a frente uma pessoa desesperada procura a passagem que deixou cair. Ela pede às pessoas ao seu redor se não a viram. O desdém por parte delas é trivial. E a aflição continua. Um outro ônibus anuncia a sua saída através da buzina gritante que clama pela viagem. A maioria já está e...

Sobre o Nada

Vontade de falar sobre o nada. Um copo vazio. Um espírito perdido. Um anjo caído. Um coração partido. Um outro ausente. Um beijo não dado. Um abraço embalado à vácuo. Um solitário não socorrido. Uma promessa não cumprida. Mais nada. Palavras soltas. Idéias vagas. Sílabas extraviadas. Frases sem nexo. Sexo sem mentira. Mentira sexual. Conclusões precipitadas. Um amor para toda a vida. Vontade de falar sobre o nada. Sobre o tudo. Novamente, contudo. Citações baratas. Livros copiados. Discos roubados. Amores achados. Novamente. Ledo engano freudiano. Tanto quanto cuspido. Encontrado outra vez. Uma noite bacana. Uma bebida em um bar. Uma bebida exata. Um gole delicioso. Um olhar trocado. Carinho retratado. Você ali no canto. E um vagabundo cantarolando. A mesma coisa. Quanto tempo? Quatro anos? Como passou. Só não passou o sentimento. Bacana. Canções relembradas. Composições dilaceradas. Encontros clandestinos. Asilo em seu peito. Delírios adolescentes. Risadas em instantes. Distância nece...