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Aimee

Ando tão on-line que adoro ligar o computador nas primeiras horas do dia. O Windows XP sempre me diz logo pela manhã: bem vindo. Ninguém - pessoa física - me deseja isso quando chego ao trabalho. Só a máquina que uso diariamente. O cérebro eletrônico, aquele mesmo que o Gil cantou.
Ela é a companheira perfeita. Escuta comigo as músicas que eu mais gosto, me ajuda no desenvolvimento dos textos, das diagramações e ainda me acompanha nas leituras pelos sites que acesso. Às vezes a Aimee, como chamo carinhosamente o meu computador, resolve pirar, travar, complicar. Mas nada que um reset não resolva. Uma pena as pessoas não terem também um botão reset para ajeitar as coisas.
Nos últimos meses a Aimee tem recebido muitas informações, sobretudo musicais. Ela também ganhou um companheiro, um acréscimo para a sua atualização no mundo pop: um iPod Shuffle. Ficou tão feliz quando eu baixei o iTunes, pois, até então, Aimee não tinha nenhum programa da Apple, só da Microsoft. É praticamente uma roupa da Prada. Deve ser por isso que ela não está me tirando do sério. Afinal, sabe como são as máquinas, elas precisam de um agrado de vez em quando. Como as mulheres. As reais, é lógico.
Aimee está ouvindo muito Feist, Nick Drake e Charlotte Gainsbourg, filha do soberbo Serge Gainsbourg, o cara com o dom de compor músicas lindas e sensuais, por vezes eróticas, mas não no sentido "Madonna" da palavra. Não estou dizendo que a cantora é vulgar, pelo contrário. Ela abusa, assim como o Serge. No entanto, ele é mais classudo. Já a Madonna é CLASUDA, seja lá o que isso queira dizer.
A minha máquina é bem eclética. Às vezes também é versátil. Em alguns momentos é palhaça. Ela está me ajudando a desenvolver um novo estilo jornalístico, o Jornalismo Bozo. Sem drogas, só confetes, nariz redondo e vermelho, além de algodão doce. Mas, com cerveja, cigarros e muita música do Réu e Condenado. Aliás, essa dupla de Goiânia é puro escárnio. Do bom. Sinta só uma das pérolas poéticas dos caras:
"Eu sou tão mal / Que eu teria dois carros num país comunista / Eu sou tão mal / Que o meu hobbie em casa é brincar de legista / E você ainda quer ser o meu amor".
Esta frase é muito linda. E os caras ainda são proféticos, pois eles lançaram o primeiro disco em 2004, período em que o Brasil não estava passando pelo caos aéreo. Na canção, Encontro de Família, a dupla comenta que Santos Dummond ficaria revoltado com a atual situação da aeronáutica. Bacana.
A Aimee gosta e eu me perdi neste texto. Comecei com "bem vindo" e terminei em escárnio. Voltarei ao trabalho.

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.