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Ter Amado


Entre café e cigarros, o que sinto é o seu sabor. Brendan Benson na vitrola, o sol pela janela e o vento do inverno levantando a cortina. Um livro no meu colo, uma carta ao meu lado, uma poesia a tiracolo. Paisagens bucólicas de tão lindas, melancólicas, revertem o pensamento em conseqüência imediata na memória. Pinto um sorriso no rosto e esboço um reencontrar. Entre café e cigarros, o que percebo é o seu gosto. Leituras astrais, músicas latinas e referências cubanas. Conversas hippies, falas amorosas, planos sem compromisso.

Recordo uma outra história. Uma viagem para o Chile. Santiago. Lembro dos seus olhos. Brilhantes como as embalagens do Boticário no final de ano. Doçura na voz, forte na atitude, pele morena de praia. Os lábios como almofadas, os ouvidos como radares. Continuo a gostar, continuo a desejar, não apenas os detalhes, mas o completo.

Procuro a agenda. Encontro o seu nome. Disco. O número não existe mais. Do livro no meu colo voa uma foto. Tinha até esquecido. A mesma paisagem bucólica revelada com nós dois à frente. Entre café e cigarros, agora o que sinto é felicidade. Felicidade por um dia ter te conhecido, ter te amado.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...