Pular para o conteúdo principal
Interlúdio
Meus braços em paixão. Não lembro a situação causada. Um corpo na cama. Boca aberta. Peito arrebentado. Recordo do ato, mas não do fato. Fluídos.

Uma dificuldade de armazenar memórias recentes. Estava em um bar. Vodca com mate leão. Eu sou muito distraído. Chega perto. Senta-se. Puxa uma conversa.
Dresden Dolls? Sim, eles são bem performáticos. Garçom, traga mais uma. Duas, por favor. Faz o quê? Escrevo. Sobre o quê? Sabe quando você vaga pelas ruas da cidade, sozinho, é madrugada, o risco de ser assaltado ou morto é enorme, contudo, você está cagando para as coisas, quer continuar caminhando e refletindo sobre a vida, mais ou menos sobre isso. A subjetividade é repleta de meandros. Exatamente. Um brinde, então, aos caminhos sinuosos. "Embriaguez sagrada, nós te afirmamos método". Bonito isso. É de um filme. Eu sei, um filme brasileiro. Isso, você gosta? Claro. Qual a sua personalidade de hoje? Predador. Alguma vítima? Sim. Tenho até medo de perguntar. Os meus olhos já miraram. Ok, me rendo. Assim é muito fácil. Você quer que eu corra? Se preferir. Não vou fazer isso, se quiser, vai ter que usar outras armas. Eu tenhos as palavras. Maldito, essas me derrubam facilmente. Mas hoje só quero usar as mãos. E a cintura? Você é quem está sugerindo. Não sugiro, eu faço. Percebo uma inversão de papéis agora. Também gosto de caçar. Esqueça, você será a presa. Ah é? "Um dedo desliza junto ao ouvido, perigo quando a garganta solta um gemido, aproximo o lábio como o santuário do peregrino". Isso era para ser erótico? Não, de maneira alguma, apenas um disfarce para dar o bote. Que bote? Que você tem cócegas no pescoço. Impressionante. Obrigado. Sugiro então a caça. E eu, o caçador. Nossa, isso ficou muito brega. Culpa do Fábio Júnior. Deveras.

Prenúncio
Seria paixão?

Postagens mais visitadas deste blog

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...