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Mostrando postagens de janeiro, 2009

Chuva de verão

Cá estou, sozinho. Pensei novamente em descrever alguma passagem em terceira pessoa, mas a primeira me pegou bacana. Confesso: me entreguei. Há muito tempo não tinha uma sensação tão quente e fugaz, como uma canção da Aretha Franklin. De fato o momento se pareceu mais com uma narrativa niilista do Dylan. Tudo ao seu tempo. A fumaça do cigarro entrando no olho, a pequena lágrima em instante, um olhar embaçado, um lenço, uma ajuda, um tudo bem. Um sorriso. O toque leve no rosto arrepiou os pensamentos mais íntimos, até os desconhecidos. Nunca um trago tinha me ajudado tanto. Afinal, descobri a sua pele. Não lembro a hora, não lembro o dia, mas lembro a marca da cerveja, o nome do bar, o início da consequência. Inclusive, ainda usávamos trema. Os trejeitos com as mãos, a ênfase quando necessária, a defesa veemente das idéias, a paixão pelo Kerouac, os discursos drummondianos e a respiração calma nas conclusões das sínteses. A primeira conversa foi praticamente um estudo de caso sobre o ac...

Madrugar, evaporar. Passar.

Madrugar. Afogo as minhas últimas angústias em um copo de café. Pela janela do apartamento vazio analiso o movimento preguiçoso dos corpos. Mais animados estão os clientes. Um grande som invade o cômodo e, principalmente, os meus tímpanos que já não mais apreciam o silêncio. Como eu queria você naquele momento. O seu riso calmo era como um disparo de Guilherme Tell, um riff de Richards ou um blues de James. Pequei pelo excesso, retrocesso e refestança. Errei. Evaporar. A água vai embora. Mais um bule contendo café. Deixei você escorregar entre os meus dedos. Perdi. Deixei cair. Não consegui, não peguei. Não reconquistei. Chegaram a falar que éramos como irmãos, o que me deixava furioso. Faltava algo? O quê? Uma pena que não deu tempo de lhe perguntar. O retrato na geladeira vai continuar, eternizando um momento pacificador de uma tarde vazia. Já não ia bem, mas você aguentava. Passar. Sabemos que somos fortes o suficiente para segurar as pontas, nem que sejam nos escritos e nos sur...
Retornado. As férias foram tão boas que a vontade de continuar neste período por mais uns dois meses arrebentaria em sorrisos a minha boca faminta de não trabalhar. Como nem tudo são flores, vamos aproveitando os últimos momentos que ainda restam. Confesso que nunca fui muito adepto do ócio, mas estou consumindo-o em doses cavalares. O que mais me chateia é saber que tenho várias novas regrinhas a aprender por causa da reforma (?) da língua portuguesa. Ossos do ofício, fazer o quê? Se dependesse da minha pessoa continuaria tudo da mesma forma, afinal, adorava a trema, não queria o seu homicídio. Pobrezinha. Ao menos que tenha um enterro honrado, bonito e pontuado. Entendeu? P-O-N-T-U-A-D-O. * * * Não vou aqui escrever como fazem os alunos do ensino fundamental quando voltam das férias: escrever uma redação. Mas tenho que confessar que elas foram exacerbadas, com períodos tranquilos (ah, cadê a trema? Opa, "cadê" também não leva mais acento, né? Putz, fiquei confuso agora), pa...