Nós clamamos por atenção. Às vezes somos tão individualistas que queremos ser o centro, assim como a Igreja recitava na época medieval que o Sol girava em torno da Terra. Galileu precisou se retratar. Com o tempo, nós, também nos retratamos, afinal, existem pessoas que giram ao nosso redor, ao invés de nós, girarmos ao redor deles. Mas quando percebemos, é tarde. Mesmo assim, mesmo com essa metáfora esclarecida até demais, queremos a atenção, seja em forma de carinho, afeto, abraço, dizeres, fraternidade e, acima de tudo, amor. Pena que não valorizamos. Pena que os outros não valorizam. Pena que não nos entregamos. Pena que só vemos quando se apaga. Pena que não giramos mutuamente, para assim, a forma ser completa como um círculo deve ser, como uma rota deve ser, como uma órbita exata para se findar, repleta de começos, recomeços e afins.
Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.