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Mostrando postagens de julho, 2022

Marlboro

Ali de bobeira Encostado no muro Meu sangue quente E o seu filtro me chamando. Tenho em mente a maldade A crueldade dos anos E as consequências do agora Mas você me satisfaz, Muito mais que não demora. Não demora o meu prazer Não demora o meu fazer Não demora o seu caráter Não demora o seu querer. Ali de bobeira Deitado no capô Vejo as estrelas adormecerem Enquanto te beijo calmamente. lsH
A vida é repleta de chegadas e partidas. E dizer adeus a um progenitor nunca é fácil. Não aprendemos isso na pré-escola, muito menos nos Ensinos Fundamental e Médio. Na faculdade, geralmente, as coisas começam a degringolar. O fato é que as pessoas se vão. Lembro em flashbacks quando tive que manifestar o meu primeiro tchau. Eu estava na graduação, cursando Jornalismo. Era uma noite muito chuvosa. Quase madrugada, o telefone tocou. A voz embargada do outro lado da linha murmurou: - Léo, não deu. O pranto se tornou um choro tão doloroso que só de recordar rasga a garganta, como se um gato de unhas afiadas deslizasse pelas minhas paredes de carne. Pior foi dar a notícia para minha mãe. Ouvir o seu desespero me deixou ainda mais triste, como se aquele sofrimento catalisasse nas paredes do quarto. Como minha avó morava em outra cidade e estávamos sem carro naquela época, tive que agilizar o mais rápido possível uma condução. Foi tenso. Ao mesmo tempo que eu realizava ligações, as lágrimas...
O objetivo das mídias sociais não era o de aproximar pessoas? Mas em época de política, pelo menos no Facebook e no Twitter, está acontecendo o inverso. Nego-me a aceitar que esse seja o futuro. Só se fores o futuro imperfeito do indicativo, literalmente falando. Tudo bem que se trata de um belo espaço para expor opiniões e travar lindíssimos confrontos palavreados. Porém, é preciso conteúdo. Afinal, a politica é uma ciência, bem mais simples do que imaginamos, que na prática ganha contornos abstratos e terríveis devido aos jogos de interesse, aos desvios de verbas, aos meios de comunicação, às agências de publicidade e toda aquela clicheria exacerbada que os afoitos entoam em uníssono. Estás sendo alimentador de conteúdo o meio? Quem acredita nisso afinal? A boca de urna apenas mudou de meio: do físico foi para o virtual. O debate talvez tenha ganho outro tipo de sentido que, eu sinto muito ter surgido. Ainda prefiro as piadinhas, porque o conteúdo verdadeiro é encontrado em outro can...

Hit do Câncer

  Breu no infinito solitário Com pequenos pontos mais escuros Que são cânceres Devorando a ilusão metafísica. Os olhos agora se fecham E o corpo encontra A paz que alguns conhecem. Os vivos continuam a imaginar. Uma manhã de verão Derretendo o tempo acelerado Enquanto a caixa desce E a terra cobre o fim. Lágrimas bebidas com vozes Que procuram acalmar Os mais exaustados. Sento no vazio e abraço o nada Achando que se trata de consolo, mas não é. É apenas a solidão revisitada, ampliada e regravada.
Não é você que esquece as pessoas. São elas que esquecem você, talvez, com porquê, mas você não vê.
  Na esquina, a mãe procura pelo alimento. A criança, em casa, chora. No bar, o guri gasta o seu dinheiro de estagiário. O dono, comemora. Na velha vitrola toca Elvis. O velho, rebola. Na sala de jantar o casal delicia um arroz à grega. A mulher, sorri. No termômetro a temperatura marca 6,5. O menino, pensa: amanhã, nada de aula. No céu a lua encoberta pelas nuvens de chuva. O solo com grãos novos agradece. Na rua um garoto tenta a vida. O homem casado, que topou o programa, se lambuza. No livro um verso de amor emociona a dona de casa. Ela chora. Na varanda as gurias se beijam. Uma delas, no entanto, quer terminar. E, enquanto isso, eu aqui no meu quarto, penso no seu abraço.