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A vida é repleta de chegadas e partidas. E dizer adeus a um progenitor nunca é fácil. Não aprendemos isso na pré-escola, muito menos nos Ensinos Fundamental e Médio. Na faculdade, geralmente, as coisas começam a degringolar. O fato é que as pessoas se vão.
Lembro em flashbacks quando tive que manifestar o meu primeiro tchau. Eu estava na graduação, cursando Jornalismo. Era uma noite muito chuvosa. Quase madrugada, o telefone tocou. A voz embargada do outro lado da linha murmurou: - Léo, não deu. O pranto se tornou um choro tão doloroso que só de recordar rasga a garganta, como se um gato de unhas afiadas deslizasse pelas minhas paredes de carne. Pior foi dar a notícia para minha mãe. Ouvir o seu desespero me deixou ainda mais triste, como se aquele sofrimento catalisasse nas paredes do quarto.
Como minha avó morava em outra cidade e estávamos sem carro naquela época, tive que agilizar o mais rápido possível uma condução. Foi tenso. Ao mesmo tempo que eu realizava ligações, as lágrimas me faziam companhia. Naquela madrugada eu ouvi muito Coldplay, aquele segundo disco, o branquinho. Até hoje ele é um misto de boas e más recordações: um amálgama de sentimentos díspares, mas também reconfortantes.
No fim, a música do Chris Martin (que piegas revelar isso) ajudou a fechar os canais lacrimais. Sempre gostei de uma fossa, no entanto, aquela eu nunca desejaria ter sentido. O detalhe aqui é que a canção ajudou. A vida é repleta de chegadas e partidas. E, para a morte, nunca estamos preparados.
Hoje fiquei muito triste ao saber que a avó de uma colega de trabalho faleceu. Por isso lembrei dessa história e dos versos que reverberaram muito tempo em minha massa cinzenta: Sing it please, please, please / Come back and sing to me / To me, me.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...